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Filmes de qualidade são trunfos do Cineclube da Guarda

Actividade cineclubística regressa com duas sessões por semana no auditório do IPJ

Colmatar a falta de cinema de qualidade e impulsionar a cultura cinematográfica na cidade são os grandes objectivos do Cineclube da Guarda, apresentado formalmente na última sexta-feira por alguns dos seus jovens dirigentes, cuja média de idades ronda os 25 anos. O novo organismo, que pretende proporcionar um espaço alternativo de exibição de filmes, vai arrancar com duas sessões semanais no auditório do Instituto Português da Juventude (IPJ), às quartas e sábados, dedicadas aos grandes clássicos e às produções contemporâneas, mas já está a preparar acções de formação, ciclos temáticos e um arquivo em DVD.

A figura estilizada de um comboio em andamento é o símbolo escolhido para identificar a colectividade, numa homenagem aos irmãos Lumiére e aos primórdios do cinema, e será com o movimentado “O Comboio”, de John Frankenheimer, que o Cineclube inaugura amanhã à noite as suas actividades e a programação de Junho. Seguir-se-ão “Amarcord”, de Fellini, no sábado; “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles (dia 9); “O Vale era Verde”, de John Ford (dia 12); “Câmara Indiscreta”, de Mark Romanek (dia 16); “O Pistoleiro do Diabo”, de Clint Eastwood (dia 19); “O Ódio”, Mathieu Kassovitz (dia 23); “A Águia da Estepe”, de Akira Kurosawa (dia 25) e “Vou para Casa”, de Manoel de Oliveira (dia 30), tudo em versão DVD, pois «a satisfação do público será sempre mais importante que a técnica de projecção», sublinha Pedro Lucas, presidente da direcção. Por isso esta programação diversificada, em termos de géneros e de épocas, para agradar aos guardenses cinéfilos e a todos aqueles que «sentem a falta do cinema de qualidade na cidade», acrescenta. É que o Cineclube quer ser uma «alternativa» ao monopólio comercial da única sala de cinema da Guarda e contribuir para que «as pessoas não tenham que se deslocar a Seia, Celorico da Beira ou à Covilhã para verem filmes de qualidade», refere Paulo Marques, outro dirigente.

Contudo, os responsáveis recusam a ideia do Cineclube poder ser concorrencial com o Cine-Estúdio Oppidana, gerido pela Lusomundo, por acreditarem que há espaço para as duas salas. «São dois projectos com objectivos totalmente diferentes», garante Pedro Lucas. Inicialmente, a colectividade conta com o apoio institucional do IPJ, que cede o auditório e o projector, e monetário da Câmara da Guarda, através do Projecto Emergências, e do grupo Soviauto 2000, um contributo mecenático pouco habitual por estas bandas. De resto, serão cobrados dois euros por sessão aos não sócios, enquanto os associados vão pagar metade do bilhete e uma quota anual de 12 euros. Nesse sentido, a sessão inaugural vai assinalar o início da campanha de angariação de sócios para fazer aumentar as “família” cineclubista na Guarda, que arranca com 25 sócios fundadores, a grande maioria estudantes. «Os apoios e a bilheteira são fundamentais para o sucesso desta iniciativa que queremos o mais abrangente possível», refere Pedro Lucas.

Como a utilização do auditório do IPJ é provisória, o Cineclube espera poder utilizar um dos espaços da futura sala de espectáculos da cidade e está a ponderar a possibilidade de realizar sessões de cinema ao ar livre no auditório do Jardim Teles de Vasconcelos. Já a programação resulta de uma fórmula simples, explicada por Paulo Marques: «Serão sempre filmes de qualidade, de acordo com a nossa sensibilidade, e que estão arredados da Guarda por razões comerciais», explica, elogiando o trabalho da Mediateca VIII Centenário nesse campo, entidade que gostariam de ver colaborar no Cineclube, que se prepara entretanto para criar um arquivo próprio. Os primeiros dirigentes do Cineclube da Guarda são Pedro Lucas, engenheiro florestal, Paulo Marques, estudante de Engenharia Informática no IPG, António Lopes, também estudante do Politécnico e “webdesigner”, e Rodrigo Santos, estudante de Clássicas na Universidade de Coimbra. O bar “Zincos” acolhe a festa de inauguração do Cineclube, animada pelo projecto “Dj Play de Plástico”, a realizar após a primeira sessão.

Luis Martins

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