“O Palhaço Escultor”, um trabalho com encenação e interpretação de Pedro Tochas, e um concerto dos “Factor Activo”, carismática banda da Covilhã, inauguram esta noite o Festival Y #03, que decorre até ao final de Novembro.
O Festival de Artes Performativas da Beira Interior dá o pontapé de saída com o teatro de rua de Pedro Tochas. “O Palhaço Escultor” decorre na entrada de serviço da Câmara da Covilhã (nas traseiras do edifício). Trata-se de um trabalho interdisciplinar, onde a comunicação acontece através do recurso a imagens e à linguagem não verbal, em consonância com o circo e recorrendo às esculturas com balões. É notória também a influência do cinema mudo. Pedro Tochas já deu cartas na “stand-up comedy” e venceu o prémio “The Biggest Fool 2003” para melhor espectáculo de rua no “Streets of Fools”, integrado no Festival Internacional de Teatro de Porsgrunn, na Noruega. A primeira noite do Y #03 continua no Teatro-Cine. Os “Factor Activo”, considerada pela crítica como um caso ímpar no panorama musical português, subirá ao palco pelas 22h30. Defsky, Marco, Blue, Ritz e Orlando prometem 60 minutos de uma sonoridade que nasce, indubitavelmente, do hip-hop, mas que parte depressa para rumos tão distintos como o dub, a experimentação electrónica, o reggae ou a música industrial.
O LP de estreia dos Factor Activo, “Em directo do fim do mundo”, é o resultado de um trabalho colectivo em estúdio de recolha de sons e experimentação criativa, onde é notória uma articulação da tecnologia digital e da actividade “live”. A expressão final resulta num som vibrante de autor. Embora sejam um caso histórico no hip-hop português, os Factor Activo só editaram o seu disco ao fim de 14 anos, apesar de inúmeras participações em colectâneas, incluindo “Portugal Rebelde vol. 1” (1994). Já em 1995, a fusão do hip-hop com outras linguagens distintas foi claramente conseguida na compilação “100”, da Antena 3. No fundo, os Factor Activo e “Em directo do fim do mundo” distinguem-se e demarcam-se da produção hip-hop portuguesa, não só pelo distanciamento geográfico que esteve na origem do projecto, mas também pela busca intensa de uma sonoridade própria. O Festival Y #03 está de volta a 29 de Setembro, com a peça “O Número”, de Caryl Churchill, que vem à Covilhã pela mão da companhia de teatro portuense “Assédio”. João Pedro Vaz encena e interpreta, ao lado de João Cardoso.
