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Festival do Outro despede-se com “Caetana”

Peça de Moncho Rodriguez e Weydson Barros Leal em cena amanhã à noite no pequeno auditório do TMG

O Festival do Outro, que decorreu este mês no Teatro Municipal da Guarda (TMG), despede-se amanhã com a história de uma rezadeira que fica frente-a-frente com a morte. “Caetana”, do brasileiro Weydson Barros Leal e do galego Moncho Rodriguez, sobe ao palco do pequeno auditório apresentando uma versão nordestina de um auto ibérico. Esta produção obteve um grande sucesso no Brasil, tendo conquistando este ano os principais prémios do Festival “Janeiro de Grandes Espetáculos”, no Recife.

“Caetana” resgata elementos do teatro das tradições populares e transforma-os em linguagens renovadas de contemporaneidade. É um espectáculo experimental onde Lívia Falcão encarna Benta, uma rezadeira que, depois de indicar o caminho do além a várias almas perdidas, se vê diante do seu próprio encontro com Caetana, a morte, interpretada por Fabiana Pirro. Uma chamada a que a primeira ainda tenta resistir, mas sem sucesso dada a inexorabilidade do momento. Chegada ao Reino do Invisível, Benta reencontra então as almas anteriormente encomendadas por ela que aparecem em forma de bonecos. Uma opção dramatúrgica que assenta no fabulário nordestino. Sobre a peça, Weydson Barros Leal escreveu: «”Caetana” é uma peça sobre a coragem com que enfrentamos os nossos medos, sobre os medos que habitam os nossos dias, sobre as estranhas surpresas que cada a instante batem à nossa porta.», diz sobre a peça um dos autores do texto, Weydson Barros Leal.

Recorde-se que Moncho Rodriguez esteve recentemente na Guarda para encenar “A Saga de Zacarias contra a Morte e o Diabo”, uma co-produção entre o Aquilo Teatro e o TMG. O actor e encenador galego passou pela Companhia de Teatro Independente Espanhol e, nos anos 70, foi convidado a reestruturar o Teatro Universitário do Porto, cidade onde foi ainda director artístico do Teatro Experimental. Actuou no palco do antigo Cine-Teatro da Guarda e na década de 80 deu um salto até ao Nordeste brasileiro, onde tem estado a criar novos projectos.

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