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Festival de Cultura Tradicional da Castanheira arranca hoje

“Romances” é, à semelhança de 2004, o tema da edição deste ano

As festividades do terceiro aniversário da Fanfarra Sacabuxa assinalam, hoje, o arranque da VIª edição do Festival de Cultura Tradicional da Castanheira, Guarda. A comemoração servirá, em simultâneo, para inaugurar a nova sede da Associação Juventude Activa e foi incluída, pela primeira vez, no programa do Festival.

Reservado para a noite de amanhã está um concerto pelos “Arrefole”, uma formação de jovens músicos oriundos de um meio urbano que procuram recriar uma sonoridade que tem a ruralidade como pano de fundo, aliada a uma experiência sonora de contornes modernos.

Sábado é dia da já tradicional caminhada que todos os anos marca o Festival da Castanheira. Víctor Gonçalves, vice-presidente da Juventude Activa da Castanheira, recorda que na última edição participaram «mais de 150 pessoas», numa actividade que já dura «há seis anos consecutivos». A proposta vai de encontro à descoberta dos trilhos rurais da aldeia. Este ano, o percurso vai durar cerca de três horas e está prevista uma passagem por Porto Mourisco e Rabaças, anexas da freguesia da Castanheira. A noite será de música, com os “Trovas ao vento”, grupo de Guimarães já habituados às lides da música tradicional. Para muitos, o momento alto do Festival acontece logo depois. Vitorino vai animar o Largo do Outão, pelas 23h30m. «Talvez poucos se recordem», conta Víctor Gonçalves, «mas em 1980 o Vitorino lançou um álbum chamado “Romances”». A Juventude Activa convenceu o artista a trazer ao Festival temas dessa altura, reveladores de uma recolha de música tradicional e «imprescindíveis, hoje, à nossa identidade nacional», frisa o vice-presidente da Associação, adiantando ainda que o popular artista «já não fazia este espectáculo há quase quinze anos».

O lançamento do CD “Entristecer-O Romance de Isabel, a linda” vai ter lugar na sede da Juventude Activa pelas 18 horas de domingo. Trata-se de um trabalho que reúne o espectáculo que a Associação apresentou na edição do Festival do ano passado, que teve como produtor artístico César Prata e que contou ainda com a participação de Américo Rodrigues e Julieta Silva. Deste álbum constam, ainda, relatos do quotidiano das gentes da Castanheira e sons relacionados com o imaginário colectivo da localidade. Mas o momento «mais esperado» pela Juventude Activa, organizadora do Festival, está agendado para a noite de domingo. “A Sombra da Castanheira-Sete Romances numa Noite de verão” é o espectáculo original produzido este ano pela Juventude Activa. Mais musical que as anteriores produções da Associação, a peça pretende cruzar «a cultura mais tradicional com a realidade dos nossos dias». Deste modo, cruzar-se-ão os tradicionais Romances, interpretados por habitantes locais, com a musicalidade da Fanfarra Sacabuxa, havendo ainda lugar para um universo mais contemporâneo, através de um trabalho que passa pelo processamento digital do som, aliado a elementos multimédia. «Paralelamente, serão projectadas imagens antigas e emblemáticas da Castanheira», refere Víctor Gonçalves.

Não deixar morrer as tradições e identidades de região tem sido, de resto, o mote deste Festival ao longo dos últimos anos. Na edição anterior, o tema também passou pelos “Romances”. No entanto, a Associação acredita que todos os esforços no sentido de não deixar morrer esta tradição «são poucos», daí ter optado por repetir a experiência. «Temos de fazer a transmissão agora, antes que se percam em definitivo no tempo», salienta o vice-presidente.

O orçamento para o Festival deste ano ronda os 25 mil euros, suportados pela autarquia da Guarda, pela Junta de Freguesia local e ainda por «vários empresários ligados à Castanheira.» Na edição de 2004, terão passado pela aldeia perto de dois mil visitantes, número que este ano «será certamente ultrapassado», assegura Víctor Gonçalves. A mais valia deste ano passa pelo facto de constar do cartaz «um nome sonante no panorama musical português, Vitorino», conclui.

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