Fernão Joanes (Guarda) homenageia os pastores da Serra da Estrela no fim-de-semana com a mais antiga Festa da Transumância da região. Durante dois dias, há música, arruadas, um passeio com rebanho, oficinas de enfeites de ovelha e de feitura de queijo, exposições, cinema, produtos locais, tabernas e merendas para saciar o estômago e a alma. A organização é da Associação Cultural e Recreativa local no âmbito do projeto da Grande Rota da Transumância financiada pelo Provere By Nature.
«Fernão Joanes foi pioneira na divulgação da transumância, a primeira edição desta festa aconteceu em 1997», recordou em conferência de imprensa o presidente da direção da coletividade, António Bico. As temperaturas mais quentes para a época levaram ao cancelamento da arruada com pastores e rebanhos prevista para amanhã na Guarda, pelo que o evento começa no sábado de manhã com um passeio com rebanho entre a aldeia e Valhelhas, onde será servido um almoço pastoril. À tarde, as atenções concentram-se na praça central de Fernão Joanes, que acolhe os espaços de exposição e venda de produtos artesanais, “tabernas” e a animação musical. Este ano, a organização convida ainda os visitantes para uma sessão de cinema com a projeção do documentário ligado à arte pastoril de Tiago Pereira “Para Voltar à Vida a Arte tem de se Educar”, que tem exibição pelas 21 horas. Depois, a festa fica por conta do Sebastião Antunes trio e dos “Roncos do Diabo”.
No domingo há uma missa de homenagem aos pastores e um almoço – este aberto a todos os interessados –, enquanto a tarde é preenchida com um encontro de ranchos folclóricos da região e termina com o anúncio da melhor ovelha enfeitada. A Festa da Transumância despede-se com um baile à moda antiga com o duo João Gentil e Luís Formiga, que associam o acordeão à bateria. Este ano, a organização, que tem o apoio da Câmara da Guarda, disponibiliza autocarros de e para a Guarda a partir das 15 horas (na cidade, o ponto de encontro é no Largo da Misericórdia). António Bico revelou também que a atividade já é uma marca registada porque «esta festa está ligada a Fernão Joanes e quer demarcar-se de imitações». Uma ideia partilhada por Daniel Vendeiro, presidente da Junta, que fica «um bocado estupefacto» por ver que, «agora, muita gente, de Figueira de Castelo Rodrigo a Seia, se tem aproveitado da transumância para ir buscar fundos comunitários».
O autarca acrescentou que a aldeia já teve muitos pastores, mas que atualmente existem apenas «cinco com mais de 50 ovelhas» e se dedicam a esta «vida difícil, a que os jovens não pegam». Ele próprio, «com 57 anos», arranjou um rebanho e gostaria que os mais novos fizessem o mesmo, pois «a agricultura também cria postos de trabalho». De resto, recorda que o projeto de criar uma escola de pastores, juntamente com parceiros franceses e espanhóis, não se realizou por falta de apoios. «Os governos só têm acabado com a agricultura e complicado a vida de quem vive disto», lamenta o presidente da Junta. A Festa da Transumância tem um orçamento de cerca de 15 mil euros.
“Chocalhos” em Alpedrinha
A 11ª edição do “Chocalhos” decorre este fim-de-semana em Alpedrinha (Fundão).
O Festival dos Caminhos da Transumância começa amanhã e conta com animação de rua, conversas, oficinas, pequenos recitais, mostra de artesanato e produtos locais, entre outras atividades. No campo da música o destaque vai para a atuação dos Coetus – Orquestra de Percussão Ibérica e dos Retimbrar. A segunda edição da exposição canina especializada de cães de proteção de rebanhos e o habitual percurso pedestre com rebanho acompanhado pelos Chocalheiros de Vila Verde do Ficalho, entre o Fundão e Alpedrinha (12 quilómetros), são outras propostas deste evento organizado pelo município do Fundão e Junta de Freguesia de Alpedrinha. Entretanto, até domingo, 16 restaurantes do concelho participam na mostra gastronómica “Aqui Come-se Bem – Sabores da Transumância”.
