Nem a chuva demoveu as cerca de 1.500 pessoas que quiseram manifestar-se, na passada sexta-feira, contra o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) de Trancoso. Sob o mote “Todos contra o encerramento das urgências em Trancoso”, Júlio Sarmento, presidente da Câmara, deixou o aviso de que irá avançar com uma providência cautelar caso se concretize o fecho das Urgências durante a noite.
Inicialmente previsto para decorrer em frente às Portas d’ El Rei, o protesto, organizado pela autarquia em conjunto com as cerca de 20 freguesias do concelho, acabou por se realizar no Pavilhão Multiusos da cidade. Perante os muitos populares presentes, Júlio Sarmento começou por dizer que não estava a realizar uma manifestação contra o Governo, mas «contra a sua política economicista». O edil considerou também que a decisão é «inconstitucional», já que «não serve o princípio básico do direito à saúde de todos os portugueses». O autarca não poupou críticas ao Governo e considera que os trancosenses têm que «gritar a sua indignação» contra o esquecimento do interior, tendo ainda sugerido uma visita do Presidente da República ao concelho. «Trancoso e o interior têm vindo a ser sucessivamente marginalizados», garante. Até lá, caso se concretize o fecho das Urgências entre as 22 e as 8 horas, a partir de segunda-feira, o edil tem pronta uma providência cautelar para entregar no tribunal de forma a evitar a concretização desta medida.
E acrescentou: «Se no futuro vier a verificar-se algum problema com qualquer cidadão em Trancoso e por qualquer razão não se mobilizem os meios necessários a tempo, a Câmara patrocinará os processos judiciais», ameaçou, sublinhando que o Ministério da Saúde e a Administração Regional de Saúde do Centro (ARS) vão ter que responder pelas consequências dessa decisão. Júlio Sarmento apelou ainda às restantes Câmaras do distrito para organizarem, no próximo sábado, um buzinão em frente ao Governo Civil da Guarda para demonstrarem a sua oposição contra o fim dos SAP’s nocturnos. Em Trancoso, caso isso se verifique, os utentes serão encaminhados para o Centro de Saúde de Vila Nova de Foz Côa ou para o Hospital Sousa Martins, na Guarda. Perspectiva que não agrada à população. Lídia Maria residente em Aldeia Velha considera que o fecho da Urgência «é uma vergonha para a cidade». No entanto, diz que o presidente «não tem culpa» e está disposta «a lutar ao seu lado». Já Leonor Bandarra, habitante de Terrenho, disse em voz alta que «não é justo fazerem-nos uma coisa destas».
Tânia Santos