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«Fazem falta investidores e equipamentos para a Serra da Estrela»

Cara a Cara – Entrevista

P- Que balanço faz da última passagem de ano na Serra da Estrela?

R- Foi uma época excelente e que ultrapassou largamente as nossas expectativas. Em matéria de reservas, nunca tivemos um ano semelhante, uma vez que em Outubro já estávamos lotados. Isto nunca aconteceu em anos anteriores e só prova que, de facto, a Serra está na moda e afirma-se, cada vez mais, como um destino que exerce grande apetência.

P- Que perspectivas tem agora para a altura do Carnaval?

R- Posso dizer que iniciámos as vendas em Dezembro e, neste momento, já temos um número de reservas bastante interessantes, na ordem dos 60 por cento. Este é um número que também supera os anos anteriores e acreditamos que, ao longo deste mês, as duas unidades hoteleiras e os “chalets”, que perfazem um total de 500 camas, estejam completamente lotados.

P- Acredita, por isso, que a Serra da Estrela continua a ser um destino muito procurado?

R- Sim. Na verdade, temo-nos esforçado por isso através da criação de novas parcerias, como é o caso da Vodafone e de outras empresas de âmbito internacional, que fazem com que a Serra seja um destino sempre falado na imprensa e nas televisões. Acredito que nunca se falou tanto da Estrela como ultimamente. A actual administração da Turistrela tem mérito neste processo, uma vez que está a fazer com que a região tenha visibilidade permanente.

P- O que será necessário fazer para fomentar uma procura idêntica na altura do Verão?

R- É preciso, fundamentalmente, potenciar actividades “outdoor”, desde os desportos naturais ao turismo de Natureza. Há um trabalho muito grande a fazer, mas neste momento estamos já numa fase de inventariação dos equipamentos existentes e de todos os locais com condições naturais para a prática de alguns desportos como o “rafting”, o parapente, a asa delta, entre outros. Existem inúmeras actividades que podem, e devem, ser potenciadas na zona, ligadas ao turismo de Natureza, como os passeios pedestres, por exemplo.

P- Que projectos tem a Turistrela agendados para 2006?

R- Vamos ampliar a estância de esqui e dotá-la de equipamentos mais modernos. Iremos fazer novas pistas e criar novos teleskys. Estes são projectos para os próximos três, quatro anos. Por outro lado, estamos também num processo de implantação dos novos meios mecânicos, de modo a anular definitivamente o acesso rodoviário à Torre. Para isso, contratámos uma equipa de técnicos espanhóis que vão acompanhar todos estes projectos. Espero que ainda no primeiro trimestre deste ano tenhamos já elaborado os ante-projectos para apresentar às entidades competentes.

P- Tem-se mostrado preocupado, ao longo dos últimos meses com a concorrência de outros destinos de montanha…

R- Claro. A nossa preocupação é anteciparmo-nos em matéria de investimentos. Estamos muito perto de várias estâncias espanholas que estão actualmente em fase de ampliação das suas zonas de esqui. Logicamente que, se não oferecermos condições melhores ou iguais, podemos deixar de ser competitivos. Por outro lado, e com a melhoria dos acessos a Espanha, as pessoas têm muita facilidade em deslocar-se, pelo que impera oferecer melhor.

P- Entende que a Serra tem todas as potencialidades para estar à altura desses destinos?

R- Absolutamente. Os próprios técnicos espanhóis que contratámos já trabalharam nalgumas das melhores estâncias do país vizinho e confirmaram-nos isso mesmo. No primeiro mês de actividade elaboraram um relatório de análise que revela que a Serra pode ser um destino de referência e tem condições naturais, por exemplo, para que a área esquiável possa ser multiplicada por três ou por quatro. E é nesse sentido que estamos a trabalhar.

P- O que é que ainda faz falta ao destino Serra da Estrela?

R- Muita coisa. Faltam mais investidores e todo um conjunto de equipamentos, como um centro de estágios de grande altitude para desportos de alta competição, um SPA urbano, semelhante ao da Caldea, em Andorra, ou um multiusos similar ao do Parque das Nações, embora adaptado à nossa realidade, que possa garantir eventos temáticos, culturais, desportivos e com capacidade para albergar três a quatro mil pessoas. São estes equipamentos que podem marcar a diferença e atrair turismo para a Serra. Falta ainda toda uma série de estruturas de animação, nomeadamente bares, discotecas, comércio e serviços.

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