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Faz-me como se fosse teu

Bilhete Postal

É minha convicção que aquilo que fazemos bem é óptimo para todos. Desconfio daquele gesto que se muda por ser para mim. Então porque fazes para mim de outra maneira? Eu acredito que se as rotinas são boas, as excepções serão quase iguais. Sempre te levei pela mesma rua e entrei pela mesma porta, será mais normal confundir-me se seguir outro percurso e falhar a porta de sempre. E o que opera sempre de uma maneira porque me tentou outro método? É mais provável que uma rotina alterada leve a um erro. Porque não manter um gesto conhecido que se mostrou sempre útil e correcto? Se escolho bem, se a rotina tem sucesso, se faço sempre do mesmo modo, porque vou mudar por ser para ti? Ou fiz mal a todos e só agora faço bem, ou para ser melhor, errei por ti. “Faça-me o melhor possível” disseste trémula e eu fiz-te o que fiz toda a minha vida, convicto que sempre fiz bem. Não mudei nada, não tentei outros métodos, outras ideias. Repeti-me e sei que te fiz bem. Acredito neste princípio das rotinas. O que queremos bem feito devemos repetir à exaustão, ao limite da náusea, e assim aferimos em método e rigor. Depois basta manter, repetir mais e levar a performance a uma eficiência extrema. O que assim fazemos corre normalmente bem e devemos escolher para os amigos, sem alterar uma vírgula. Por ser para ti – faço igual aos outros.

Por: Diogo Cabrita

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