Arquivo

Famílias carenciadas aumentam 16 por cento na Guarda

Em Abril estavam contabilizados no distrito 4.527 beneficiários do Rendimento Social de Inserção, mais 538 do que em igual período de 2008

Não pára de crescer o número de famílias e indivíduos em situação de grave carência económica. De acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto da Segurança Social, referentes a Abril, são já 1.619 os agregados familiares a receber o Rendimento Social de Inserção (RSI) no distrito da Guarda, o que representa um aumento na ordem dos 16 por cento face a igual período do ano passado. No total, há mais de 4.500 beneficiários na região. Guarda, Seia e Gouveia são os concelhos onde as famílias mais dependem deste subsídio.

Os dados no distrito acompanham, de resto, a tendência registada a nível nacional, onde o número de famílias abrangidas pelo RSI aumentou 17,3 por cento e o de beneficiários 14,5 por cento. No caso da Guarda, o maior aumento percentual está também nas famílias, que são agora mais 225 do que em Abril de 2008. Relativamente aos beneficiários, são mais 538, o que corresponde a um crescimento de quase 13,5 por cento. Trata-se dos números mais elevados de sempre deste subsídio, que sucedeu em 2003 ao Rendimento Mínimo Garantido. E não se devem ficar por aqui. Pelo menos é esta a previsão do director da Segurança Social da Guarda, Pires Veiga, para quem, «tendo em conta a conjuntura sócio-económica nacional e internacional, vai registar-se algum aumento desta medida». Porém, este responsável considera que se trata de um crescimento «não muito significativo», visto que já em 2006 se contabilizavam 1.185 agregados familiares a receberem RSI.

Segundo dados revelados por Pires Veiga, a Guarda é o concelho do distrito onde há mais pessoas com dificuldades económicas, concentrando um total de 1.036 beneficiários. Segue-se Seia (764) e, na terceira posição da lista, Gouveia (519). De acordo com o perfil do beneficiário traçado por Pires Veiga, a maioria encontra-se em idade activa, tem mais de 25 anos e é «essencialmente oriunda de empresas que encerraram nestes últimos anos, que viram o subsídio de desemprego chegar ao fim e que até à data não resolveram a sua actividade laboral». «Ou simplesmente têm situações laborais precárias», acrescenta. Relativamente aos concelhos com menos pessoas em grave situação de carência económica, encontram-se Mêda, com 77 indivíduos, e Manteigas, que tem 95.

Prestação é das mais baixas do país

Outro dado relevante acerca do beneficiário da região é que boa parte aufere rendimentos. Daí que a média nacional da prestação atribuída em Abril deste ano se tenha situado nos 92,65 euros por beneficiário enquanto que na Guarda o montante se ficou pelos 75,60 euros, o que constitui o segundo valor mais baixo a nível nacional. Só nos Açores se recebeu menos (74,03 euros). Feitas as contas àquilo a que teve direito cada família abrangida pelo RSI na Guarda, o resultado é idêntico: a média nacional foi de 243,05 e na região cifrou-se nos 214,83. Neste caso, é o terceiro valor mais baixo em todo o país. Para o director da Segurança Social da Guarda, a leitura é simples: «A maioria dos agregados, ainda que beneficiários RSI, dispõe também de alguns rendimentos do trabalho de elementos do agregado. Ou então estão integrados em cursos de formação com bolsa, ou os próprios beneficiários declaram exercer actividade indiferenciada, temporária, que lhes permite auferir alguma remuneração extra, ou existem alguns apoios da rede familiar», esclarece Pires Veiga.

A maior parte, num total de 292 famílias, não aufere qualquer tipo de rendimento, mas o segundo maior grupo, com 246 agregados, dispõe entre 400 e 500 euros. No entender de Pires Veiga, «sempre que existe aumento de beneficiários RSI, torna-se necessário promover novos métodos, novas técnicas de intervenção que permitam “devolver” às famílias a dignidade de vida, de ser cidadão, que todos os beneficiários nos merecem».

Sobre o autor

Leave a Reply