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Faltam 12 milhões para acabar novo pavilhão do Sousa Martins

Ana Manso avisa que tem que ser o Governo a suportar a componente nacional de uma candidatura a fundos comunitários porque ULS da Guarda não tem dinheiro

Ana Manso revelou anteontem que a construção do novo pavilhão do Hospital Sousa Martins, na Guarda, está parada por causa de uma dívida de 12 milhões de euros ao consórcio de construtores. À margem da tomada de posse, a nova presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde revelou que o dinheiro dos fundos comunitários ainda não chegou porque a ULS não tem os 2,4 milhões – correspondentes a 20 por cento da componente nacional – de uma candidatura ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).

«Tem que ser o Governo a disponibilizar essa verba. Espero que o secretário de Estado da Saúde nos ajude a desbloquear a situação para pagar à empresa, que está numa situação asfixiante», disse. Segundo Ana Manso, sem essa componente nacional não é possível obter os 12 milhões em falta e «concluir as obras para avançar para a segunda fase do projeto de requalificação do Hospital». Contudo, como referiu no seu discurso, «nem sequer existe um simples cronograma que preveja a sua abertura e transferência de serviços». Perante um auditório repleto, a administradora hospitalar assumiu que «qualidade e sustentabilidade» serão a base do mandato do novo Conselho de Administração. Contudo, o ponto de partida parece não ser o melhor. Com um orçamento de 81 milhões de euros e um passivo da ordem dos 100 milhões, «dos quais cerca de 58 milhões são dívidas a fornecedores e o trabalho extraordinário representa 15 por cento do total dos custos com pessoal», Ana Manso admite que a situação económica e financeira da ULS é «altamente preocupante» e terá que ser resolvida com um «esforço acrescido na gestão e racionalização de recursos e no controle da despesa».

A maternidade foi o tema mais aplaudido quando a presidente do CA anunciou a necessidade de «reforçar a unidade da Mulher e da Criança para que o orgulho de nascer na Guarda continue a ser um direito e uma legítima aspiração de todas as mães». Para esse objetivo, Ana Manso gostaria de contar com todas as mulheres, a quem apelou para «amarem e defenderem» a maternidade: «A melhor forma de o fazer é que todos os seus filhos nasçam aqui, na nossa terra. Só assim podemos atingir os 1.500 partos, a meta considerada ideal. Quanto à qualidade do atendimento podem contar connosco para fazer o nosso melhor», prometeu, avisando, no entanto, que nesta matéria «todos temos que ser solidários e altamente responsáveis». O secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, não abordou o assunto na sua intervenção, mais dedicada à necessidade de racionalizar custos e atividade para não onerar o Estado e tornar ULS sustentável.

«Este Conselho de Administração tem um desafio muito exigente pela frente, mas tenho total confiança nos seus elementos, que são pessoas de grande competência», afirmou o governante. Manuel Teixeira elencou depois os dados menos positivos da ULS, como a demora média para consultas e atos médicos – nove dias contra 8 na região Centro, mas também o facto de se ter passado de dois milhões de euros de resultados líquidos positivos em outubro de 2010 para um resultado líquido negativo de um milhão de euros um ano depois. «Sito não pode ser. O Estado não pode ter resultados líquidos negativos, nem aumentar a dívida», que no caso da ULS da Guarda é «excessiva e tem de ser revertida», considerou. O secretário de Estado chamou também a atenção para o aumento de 11 por cento da despesa com medicamentos. Quanto às obras de remodelação do hospital, disse que é preciso saber «o que falhou, que compromisso não foram pagos e qual o plano para concretizar o projeto». Contudo, avisou que «no momento atual não é fácil assumir o esforço financeiro necessário», mas que o Governo vai honrar compromissos e «levar a obra a bom porto, como a população merece».

Tudo por decidir nas maternidades

Manuel Teixeira disse «não à especulação e à emoção» em torno do eventual fecho de uma ou duas maternidades na Beira Interior.

«É preciso aguardar de forma serena os estudos que estão a ser feitos sobre a nova carta hospitalar e dar algum tempo à reflexão para que a boa decisão aconteça», declarou aos jornalistas após a cerimónia. Na sua opinião, a decisão deve ser «célere e permitir poupar dinheiro porque estamos a gastar demasiado para resultados abaixo do esperado». Mas o governante ressalvou que «o país não é uma média», pelo que é preciso ter em conta «as diferenças de cada região para tomar uma decisão boa para as populações, mas que se poupe dinheiro». De resto, garantiu que as autarquias e demais partes envolvidas nesta matéria serão ouvidas antes de ser escolhida a solução. «O Governo não será autista neste processo», assumiu. Manuel Teixeira referiu ainda que as três maternidades da Beira Interior têm «um volume de partos relativamente baixo [cerca de 600 por serviço] em relação à média recomendada pela OMS», mas revelou ter encontrado «profissionais altamente qualificados e motivados» numa visita à maternidade da Guarda. Por sua vez, Joaquim Valente, presidente da Câmara, também defendeu a manutenção deste serviço, dizendo estar «totalmente disponível» para apoiar o novo Conselho de Administração na defesa do bloco de partos da cidade.

Luis Martins Ana Manso teve sala cheia para a tomada de posse do novo Conselho de Administração da ULS

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