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Falta de pagamento a bombeiros coloca em causa próxima época

Federação de Bombeiros da Guarda sugere dotações financeiras antes da época de fogos florestais

Os bombeiros do distrito da Guarda admitiram segunda-feira não poder combater fogos florestais na próxima época de incêndios, se entretanto não foram pagas as despesas deste ano e não receberem os meios financeiros necessários. O presidente da Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda (FBDG), Seara Pires, disse à agência Lusa que vai apresentar um documento no Congresso Extraordinário da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), em Dezembro, mostrando que o Governo «tem de ter uma atitude diferente para com as Associações de Bombeiros», nomeadamente as que não têm capacidade económica «para estarem constantemente a subsidiar a actividade».

«É um problema que se coloca todos anos após cada campanha de fogos florestais, em que as corporações se confrontam com graves prejuízos, despesas e desgaste de material, de que só tardiamente são pagas pelo Estado», acrescentou. O presidente da FBDG entende que, «para se poderem combater os fogos florestais em condições, tem de haver uma maior ajuda do Governo», reconhecendo a existência de comandantes que admitem não combater incêndios florestais caso não lhes sejam pagas atempadamente as despesas que realizaram na última campanha e por não terem condições materiais para o combate. O presidente dos Bombeiros da Guarda, Álvaro Guerreiro, que ficou incumbido de redigir o documento a apresentar no congresso, considerou, por seu turno, ser “inadmissível” a situação do atraso nos reembolsos aos bombeiros. «Há coisas que são incomportáveis, estarmos nós (bombeiros) a assumir milhares de contos, durante a campanha da época de fogos florestais, de encargos com as despesas feitas pelas Associações sem que o Estado nos dê, durante a própria época, qualquer subsídio para diminuir esse tipo de encargos», afirmou Álvaro Guerreiro à Rádio Altitude.

Este dirigente disse ainda que são os bombeiros que suportam todas as despesas dos fogos florestais, «pagam a fornecedores todos os consumíveis, desde combustíveis, pneus, reparações de viaturas, passando pela alimentação do próprio pessoal» e que «só passado quase um ano é que é devolvida uma parte desse dinheiro». «O melhor será, e a nossa proposta é nesse sentido, que se esclareçam as coisas de uma vez por todas e que antes da época de fogos florestais haja dotações financeiras para as Associações Humanitárias, para as ajudar a fazer face às despesas extraordinárias da época de fogos florestais, que se defina claramente se vão ou não ser criados Grupos de Intervenção permanente para a área dos fogos florestais nos corpos de bombeiros e, caso o sejam, que seja o Estado a assumir essas despesas», sublinhou. A Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda abrange cerca de 2.200 efectivos distribuídos por 23 corporações.

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