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Falta de apoios pode limitar Cine Eco

Único festival dedicado ao ambiente em Portugal começa dia 10

A crise económica somada à interioridade têm um custo que os organizadores do Cine Eco se arriscam a constatar este ano. O nono Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Ambiente da Serra da Estrela, a realizar de 10 a 19 de Outubro em Seia, poderá ter que reduzir o programa devido à falta de apoios. Apesar do sucesso das edições anteriores, o único festival dedicado ao ambiente em Portugal só conta este ano com um «pequeno» apoio do ICAM – Instituto do Cinema Audiovisual e Multimédia, já que os habituais patrocinadores do evento manifestaram indisponibilidade em comparticipar financeiramente o certame de 2003. Um rude golpe numa iniciativa que perdeu no ano passado o suporte do extinto Instituto de Promoção do Ambiente (IPAMB), um dos seus principais impulsionadores. Na altura, a organização conseguiu substituir o IPAMB pela Acção Integrada de Base Territorial (AIBT) da Serra da Estrela, mas este cenário de recurso está longe de se concretizar este ano. O que, a confirmar-se, vai ter repercussões importantes na lógica de programação heterogénea e de qualidade que tem marcado o Cine Eco desde a sua criação. A esperança reside agora numa última candidatura a um organismo oficial, com os organizadores a garantirem que sem esse apoio o corte nas actividades paralelas será «drástico». Apesar de tudo, o festival quer continuar a oferecer um pouco de tudo aos cinéfilos da região e insistir em transformar anualmente a cidade serrana na capital do cinema, invariavelmente na terceira semana do próximo mês. A nona edição tem início marcado para o dia 10, desenvolvendo as suas propostas até 19 de Outubro. Dos filmes a concurso já confirmados destacam-se as últimas produções, grande parte inéditas em Portugal, dos realizadores Luís Sepúlveda, Diogo Meza, Jean Rouch, Chantal Akerman e Agnés Varda, com o seu novo filme “Deux Ans Aprés”.

Em paralelo ao programa oficial do Cine Eco, continuam por enquanto agendadas as habituais secções “Outras Terras, Outras Gentes”, que mostra bom cinema alternativo; “Cinema e Ecologia”, onde a defesa do ambiente é o tema central, e os habituais ciclos dedicados a realizadores, cinema português e às crianças. Contudo, o Cine Eco vai este ano marcar a diferença com um “workshop” sobre documentarismo, orientado por Jeffrey Boswall, um ex-produtor da BBC. Esta acção de formação vai permitir descobrir os diversos passos de produção de um documentário sobre ambiente e vida natural, da pré-produção à pós-produção passando pela rodagem. Mas sobretudo a importância da ética, a pesquisa, o estilo e formato, orçamentos, a criação de argumento, a planificação, a escolha de material técnico e locais de filmagem, a música, a montagem, a narração, os genéricos, a presença em festivais, as relações com televisões, etc. Recorde-se que o Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Ambiente da Serra da Estrela é sócio-fundador de uma associação europeia de certames do género, juntamente com festivais de Espanha, Itália e Grécia, que tem por objectivos unir esforços e promover intercâmbios. O Cine Eco é uma organização da Câmara de Seia e tem Lauro António como director técnico, enquanto a comissão executiva é formada por Carlos Teófilo, Frederico Corado, Angelina Barbosa e Mário Jorge Branquinho.

Luis Martins

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