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Falta de água afecta fabrico de broas de milho

Os moinhos tradicionais estão parados e já há padarias com falta de farinha, enquanto outras antevêem uma situação complicada se a seca se prolongar

A falta de água que se tem verificado nos rios da região já está a afectar a mesa dos residentes na Cova da Beira. Como o “O Interior” noticiou na semana passada, o maior curso de água que atravessa a região está seco. Mas o rio Zêzere é apenas um dos muitos riachos e ribeiras que fazem mover os moinhos tradicionais, que têm estado parados, prejudicando as padarias regionais.

Este cenário está a viver-se na “Pérola Doce” que tem serviço de fabrico próprio na Coutada (concelho da Covilhã), duas pastelarias no Tortosendo e na “cidade neve”, além dos vendedores ambulantes que distribuem o pão pelas aldeias. Há duas semanas que aquela padaria não produz broa de milho, a «verdadeira», diz José Carvalho, proprietário, referindo que quando chega o Verão «temos sempre a dificuldade de arranjar farinha». Mas este ano tem-se agravado, porque a fornecedora de milho da “Pérola Doce” não tem conseguido moer a farinha devido à falta de água nos rios. «Isto acontece quase todos os anos nesta época, mas desta vez está a ser um bocadinho pior», queixa-se José Carvalho. Algo que acontecia todos os fins-de-semana, depois passou a ser alternado e há duas semanas que o fabrico da broa foi interrompido. No entanto, os clientes continuam a pedir, só que o responsável diz que possivelmente «até chover não vai haver broas».

No entanto, este cenário ainda não chegou a todas as padarias da região. Pelo menos é o que asseguram os proprietários que não dependem directamente de fornecedores exclusivos da Cova da Beira. É o caso da “Padaria da Ramalha”, a funcionar no parque industrial do Canhoso. Manuel João Tomás diz que da moagem que o fornece «ainda não tivemos notícia disso», não descurando a possibilidade de poder vir a acontecer caso se mantenha o panorama de seca. «Ali ainda vão tendo água», justifica o empresário, referindo-se ao seu fornecedor de Ílhavo. No entanto, considera que a situação é «preocupante para todos», pois se os cereais começarem a escassear o preço do pão aumentará.

Preço do pão pode aumentar

Também Casimiro Mendes antevê uma situação «complicada», embora para já a “Panívoro” esteja livre desse problema. «Temos o fornecimento assegurado», garante o proprietário, referindo que a farinha de milho vem de Seia, onde «ainda vai havendo água». No entanto, também prevê que o preço do pão possa aumentar caso a matéria-prima escasseie. Um cenário «muito preocupante mas ainda não alarmante», encara Casimiro Mendes, para quem a «água e o petróleo é que movimentam a economia».

Mais tranquilizado parece estar Manuel Fernandes, da “Padaria M. Costa”, da Vila do Carvalho. Ali a água parece não faltar, nem a farinha, moída em Caria. «Ainda temos aqui muita água na vila», destaca o responsável. O mesmo considera Maria Teresa Martins, da “Padaria do Centro”, que trabalha com farinha vinda de Caria e do Armazém do Cultivador, no Canhoso. Por fim, Nelson Silva, confere que na “Covirossio” «continua tudo na normalidade» e que a farinha de milho tem chegado sem reduções, também de Caria. «Só não se vende mais porque não há sempre quem compre», lamenta-se.

Rita Lopes

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