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Falso representante do príncipe da Transilvânia detido na Covilhã

Belga de 53 anos prometia avultados investimentos aeronáuticos no interior do país

Um cidadão belga de 53 anos foi detido, na última quinta-feira, na Covilhã. Segundo a Polícia Judiciária (PJ), Christian Bernard prometia avultados investimentos aeronáuticos no interior do país, principalmente a autarquias. A operação, denominada “Sonho de Príncipe”, foi realizada pela Direcção Central de Investigação da Corrupção e da Criminalidade Económica e Financeira (DCICCEF) da PJ.

De acordo com um comunicado daquela força policial, «a actuação concertada da organização que Christian representava em Portugal consubstanciava-se na obtenção, junto de instituições de crédito ou de empresários, de avultados financiamentos para a pretensa aplicação num projecto de investimento, que se revelou inviável e sem desenvolvimento ulterior, na área da construção aeronáutica». O indivíduo está, agora, acusado da prática de crimes de burla qualificada, associação criminosa e branqueamento de capitais. Apesar de se dizer representante do príncipe da Transilvânia, Christian Bernard usava um método diferente do do mais famoso filho daquela região da Roménia, o Conde Drácula. Afirmando representar um grupo económico à procura de financiamento para construir uma fábrica de aviões, procurava ludibriar investidores com potencial económico e tentou convencer os presidentes das Câmaras de Évora, Covilhã e Ponte de Sôr. Em algumas situações apresentava-se como sendo belga, em outros casos luso-francês. Entre os dados recolhidos pela PJ, há ainda registo de vários armazéns alugados, que nunca foram pagos. Depois de ter sido presente a Tribunal na sexta-feira, o falso investidor ficou sob termo de identidade e residência, estando proibido de contactar autarcas da área de residência.

Abordou Departamento de Aeronáutica da UBI

O falso representante do príncipe da Transilvânia abordou, pela primeira vez, o Departamento de Aeronáutica da Universidade da Beira Interior (UBI) em Setembro do ano passado. «Primeiro, passou pelo Aeroclube da Covilhã. Trazia planos para a construção de pequenas aeronaves», refere Jorge dos Reis Silva, presidente do Departamento. «No entanto, foi um contacto normal, similar àquilo que muitas empresas fazem», explica. «Foi mantendo sempre o contacto connosco, dizia que o projecto ainda não estava pronto, mas que estaria ultimado em breve», recorda. No entanto, na UBI, Christian Bernard nunca se apresentou como representante do Príncipe da Transilvânia. «Dizia que era representante de um grupo de investidores e nunca nos pediu dinheiro, apenas pretendia apoio técnico no futuro, caso o projecto fosse avante».

Instalação da fábrica ALEIA é realidade

A fábrica de aviões ALEIA, que irá instalar-se na Covilhã, emitiu um comunicado, onde refere que «os trabalhos conducentes à instalação da fábrica na Covilhã prosseguem o seu curso normal, continuando manter-se a previsão, oportunamente anunciada, de se proceder ao início dos trabalhos de construção ainda este ano», lê-se no documento. Jean Quiquempoix, responsável da empresa, afirma, ainda, que «o denominado familiar do presumível Príncipe da Transilvânia, a “sua” empresa Falconwings ou os projectos aeronáuticos por ele apresentados» nada têm a ver com a ALEIA.

Rosa Ramos

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