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O problema dos sistemas não está nas Leis, mas quase sempre nas pessoas e nas suas particularidades. As leis são interpretadas por pessoas e as investigações sobre o cumprimento da lei são feitas por pessoas, e de novo são pessoas quem certifica a Lei. Quem deve exercer a justiça e exigir equidade e certificar o trabalho são pessoas, e mais uma vez são pessoas quem decide o que outras devem fazer. Assim há sempre gente a comandar e a interpretar e a decidir, e a indicar os percursos de outra gente e, por isso, há líderes e lideranças e há caminhos e sucessos e há desastres. Tudo não passa de escolhas de pessoas. Quando escolhemos alguém traçamos um destino irrecuperável se escolhermos mal. As decisões são a essência do processo de liderança e se quem manda em pessoas não sabe escolher, não sabe castigar, não premeia, não verifica os factos, não exerce o poder, então somos todos vítimas de um processo nefasto que nos conduz a leis repressivas e processos ínvios de conseguir o que pelo mando não se fez. Este é um modo indirecto de exercer o poder. Para mim o pior dos métodos, o que depende da dilação, da denuncia, da vigilância inter pares. O exercício do poder com justiça, feito por quem define metas, traça caminhos, não se retrai no trabalho, não se faz representar, é uma liderança. A liderança só é possível pelo respeito e pelo conhecimento, pela deferência em relação a quem se nos surge mais capaz, mais apto, mais lúcido. Nada disto vem da Lei ou do poder em si mesmo. A falência deste sistema acarreta as leis avulsas, as leis que querem impedir a trafulhice, a vigarice. O poder da diarreia legislativa é sempre mais fraco que o das lideranças.

Por: Diogo Cabrita

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