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FALAR CLARO

Fernando Cabral, professor de Educação Física na ESAA, 53 anos, deputado da Assemb. República pelo PS nos últimos 7 anos e meio

-Como era o seu dia-a-dia de deputado na Assembleia? A que áreas estava ligado?

-Dependia do dia. Havia dias de contacto com o eleitorado, normalmente às segundas-feiras, reuniões de comissões, normalmente às terças-feiras e reuniões de plenário às quartas, quintas e sextas feiras. Digamos que a minha actividade era passada entre contactos com cidadãos ou organizações, a nível distrital e/ou nacional e reuniões na Assembleia. Durante estes quase oito anos fiz parte das comissões de Educação, Obras Públicas e Combate aos Fogos Florestais e naturalmente eram os assuntos tratados nestas comissões os que eu mais acompanhava. Na legislatura que há dias terminou coordenei no Grupo Parlamentar do PS a área do Desporto.

-Havendo no ano lectivo passado uma pressão forte sobre os deputados professores, como se sentiu ao votar os projectos sobre a suspensão da avaliação dos professores?

-Senti-me pressionado mas de consciência tranquila. Nem sempre estive de acordo com a actuação do Governo. No entanto, quando fui eleito deputado sabia que a regra no meu Grupo Parlamentar era a disciplina de voto. Durante todo o processo fui, nos locais próprios, manifestando a minha reserva e discordância, mas depois das discussões e da decisão da maioria, essa mesma decisão era também minha e assumida como tal.

Uma outra razão que me levou a tomar a posição que tomei foi a de pensar que seria um péssimo sinal para a sociedade portuguesa se os professores / deputados votassem de um modo corporativo. O que pensariam os cidadãos cujas profissões não tinham “representantes” na Assembleia?

-Ser político é uma cruz ou uma bênção?

-Nem uma coisa nem outra. Como todas as actividades, ser político tem aspectos positivos e negativos. Como mais positivo, destacaria a função/responsabilidade de gerir e tratar de assuntos que dizem respeito a todos. Como aspecto mais negativo destacaria a excessiva, na minha opinião, tendência que existe por parte de alguns para enfatizar aspectos da vida privada que nada têm a ver com o desempenho e função política.

-Ao fim de muitos anos de ausência, voltar à actividade de professor custa muito?

-Não tem sido difícil este meu retorno à actividade de professor. Obviamente que para este facto muito têm contribuído a comunidade escolar, nomeadamente os meus colegas de grupo e a direcção da escola.

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