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«Factores culturais» da região também serão ponderados

Antes das decisões, Jorge Branco defende a auscultação das preferências da população quanto a um eventual deslocamento do local de parto

As declarações de Luís Graça, presidente do Colégio de Obstetrícia e Ginecologia da Ordem dos Médicos, ao JN de segunda-feira, já deixam antever a contestação que o Ministério da Saúde terá que enfrentar se decidir encerrar qualquer maternidade da Beira Interior.

Apesar de ainda não haver decisões sobre os critérios que ditarão o encerramento destes serviços, os ânimos andam exaltados na Guarda. Mas, por enquanto, não há razões para alarmismos. Pelo menos assim assegurou a “O Interior” Jorge Branco, coordenador da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal (CNSMN) (ver edição 309). O responsável pelo estudo que ajudará o ministro Correia de Campos a tomar uma decisão, garantiu há três semanas que as três maternidades da região não iriam encerrar tão cedo, visto que «não foram sequer analisadas nesta primeira fase». Um adiamento que se devia a uma questão de «logística», disse, pois o destino destas maternidades teria que obedecer a outro tipo de critérios para além do número de partos anuais ou o número de médicos de cada maternidade. Entre eles, terá que se ter em conta o «factor cultural» da região, adiantou então. O director da maternidade Alfredo da Costa deixou bem claro que antes de apontar para uma determinada decisão, a comissão terá que ter «uma ideia exacta» dos interesses da população. «Não sei se as pessoas gostam mais de se deslocar para Norte ou para Sul. Temos que saber a sua preferência quanto à eventual deslocação do parto», dizia, até porque o estudo não pretendia «violentar as pessoas, mas atender às suas necessidades».

Embora considere que não faz sentido manter três maternidades «relativamente perto em termos de distância» – face ao número diminuto de partos e falta de médicos e enfermeiros para responder às necessidades – , Jorge Branco faz questão de salientar que a decisão terá sempre que ter em atenção os interesses das populações. Mas mesmo que venham a encerrar uma ou duas maternidades regionais, o coordenador da CNSMN considera não haver «razões para alarmismos», pois a «única coisa que irá mudar é o local de parto». Isto porque o apoio à grávida durante o período de gestação continuará a ser feito nos hospitais de origem.

Seja como for, o assunto não estará em cima da mesa até ao final do ano, pois só a partir de Janeiro de 2006 é que os parâmetros deverão ser discutidos com as Administrações Regionais de Saúde (ARS) do Norte e Centro do país. Os critérios técnicos deveriam ter sido discutidos no último fim-de-semana de Novembro, mas a reunião acabou por ser adiada. De resto, recordar que Jorge Branco já adiantou que o número de partos «não será o único nem sequer o primeiro» critério a ser ponderado, mas sim a «segurança» da mãe e do bebé no parto.

Liliana Correia

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