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“Faça-se música” no café-concerto

Perto de uma dezena de intérpretes mostrou-se em ambiente descontraído

Depois de ter recebido diversos momentos de teatro, música, circo e apresentações literárias, o café-concerto do Teatro Municipal da Guarda (TMG) abriu o palco e foi café concerto. Na passada quinta-feira a noite foi de “Free Music” – “Música Livre” – e o convite foi aceite. Sem grandes exuberâncias e boa qualidade, a sessão serviu para mostrar aquilo que pode ser um filão a explorar na Guarda. Pode até estar a crescer um circuito interessante de música ao vivo.

No palco, uma bateria, um baixo, uma guitarra eléctrica e vários microfones estavam abertos a quem quisesse tocar e cantar. O TMG anunciou uma noite «informal», a primeira de várias «sessões musicais colectivas abertas à participação dos músicos que queiram dar prova do seu talento ao vivo». Com este convite houve um pouco de tudo. Como “Loucura”, um tema original de Curi, que tocou acompanhado por alguns dos músicos presentes. Houve também versões de Rod Stewart, REM ou Red Hot Chilli Peppers – umas com mais, outras com menos originalidade – e longos momentos instrumentais. Esses momentos de “jam” foram os mais numerosos, os mais interessantes, os mais longos e os mais aplaudidos. Nos vários registos, os colectivos foram variando com novas experiências e novos contributos. Rui Manique, que assumiu o baixo nalguns temas, vê no café-concerto um «espaço privilegiado» para celebrar a música. «É um excelente laboratório onde a partilha, a humildade e simplicidade de cada músico devem ser as principais ferramentas», refere.

O primeiro destes três aspectos é, ainda assim, o que merece maior destaque por parte do baixista: «A partilha é uma excelente escola», garante. Nestes momentos de partilha desejam-se mais artistas. «É preciso divulgar estas “jam’s” nos conservatórios, nas escolas de música e até nas cidades vizinhas para reunir mais pessoas. Se não a “jam” não terá força e não haverá público», augura Curi. No entanto, o também bancário não esquece que «o público das “jam’s” é composto, sobretudo, por músicos e, por isso, é preciso chamá-los». Até porque «se corre o risco de serem sempre os mesmos a apresentar-se, o que pode cansar as plateias», avisa. O mesmo receia Armando Almeida: «É uma boa iniciativa, mas falta divulgá-la mais para aparecer mais gente. Se não, acabam por ser sempre as mesmas pessoas», argumenta. Estes receios não se sobrepõem, todavia, aos méritos e às potencialidades que um palco aberto oferece. Para Curi, «esta é uma boa oportunidade para o pessoal mostrar que faz algo diferente daquilo que se apresenta nalguns bares, por exemplo». Assim sendo, as surpresas podem acontecer. «É importante que estas sessões não sejam um ponto de chegada, mas um ponto de partida onde as pessoas se conhecem e se lançam em projectos», deseja o guitarrista. No TMG há a vontade de proporcionar “Free Music” pelo menos uma vez por mês. A próxima “jam” deverá acontecer a 11 de Outubro.

Igor de Sousa Costa

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