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Fábrica da Guarda acusada de «perseguição» aos trabalhadores

Sindicato das Indústrias Metalúrgicas considera que administração da empresa «está em causa»

«O futuro da empresa não está em causa, mas penso que esta administração e esta gestão da empresa estão». A afirmação é feita por José António Simões, secretário-geral do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), que esteve na Delphi da Guarda, na quinta-feira da semana passada, onde realizou um plenário com os trabalhadores da maior empresa do concelho. Entre outras acusações, o responsável sindical adianta que os trabalhadores se queixam de «perseguição», «intimidação» e de «falta de diálogo» por parte das chefias.

«Vimos a esta empresa quase todos os meses e saímos daqui completamente arrasados com as muitas queixas feitas pelos trabalhadores», indica. Desde o «problema da flexibilização que imprimem e impõem aos trabalhadores sem cumprirem regras» ao pagamento, por exemplo, dos sábados que «não é respeitado», aponta. Outra crítica são as «dificuldades criadas» quando as trabalhadoras querem levar um filho ao médico. «São situações que noutras empresas não são problema de maneira nenhuma e que podem ser resolvidas através do diálogo e não de um género quase de perseguição. E se os trabalhadores não se calam a uma ordem do chefe têm logo uma ameaça em cima», relata. Até na realização dos vários turnos do plenário da semana passada, os sindicalistas se queixam de terem sido «boicotados» pela administração da Delphi da Guarda. «Somos autorizados, pelos responsáveis máximos do grupo, a vir fazer o plenário», e depois os responsáveis pela unidade da Guarda «tentam impedir» a sua realização, «como se fazia quase antes do 25 de Abril», utilizando métodos que «não têm nada a ver com a democracia», critica. Neste sentido, considera que os administradores da fábrica da Guarda-Gare estão «completamente desactualizados na gestão das empresas modernas e no discutir o problema com os trabalhadores», reforça, adiantando que a Inspecção Geral do Trabalho, assim como o director da Holding, já foram informados sobre esta situação. Em relação ao futuro da empresa, apesar da administração do grupo em Portugal já ter garantido ao SIMA que vai manter os postos de trabalho no nosso país, não obstante as dificuldades sentidas pela empresa nos EUA, José António Simões não se mostra muito optimista: «Deparamo-nos a nível do país, quase todos os dias, com despedimentos e encerramentos de empresas», daí que os sindicalistas estejam «sempre um pouco de pé atrás». Assim, «embora estejamos confiantes, não podemos esquecer este panorama», relembrando que a retoma no sector automóvel tarda em chegar. Contudo, acredita que, «neste momento», o futuro da empresa «não está em causa, mas penso que esta administração e esta gestão da empresa estão», critica. «Não há um relacionamento razoável. Há uma intimidação e as pessoas têm medo», prossegue. Perante este cenário, o secretário-geral afirma que «o responsável máximo por esta empresa tem que fazer uma reciclagem muito grande para gerir uma empresa moderna», sublinha. Até porque nas outras empresas do grupo «isto não acontece», assevera.

Ricardo Cordeiro

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