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Excessos IPGtianos

A semana académica que findou na Guarda deixou para trás muita diversão, álcool, sexo (digo eu), drogas e rock&roll. Tudo isto é, até certo ponto, uma expressão da vitalidade e irreverência que, desde sempre, caraterizaram os jovens “aprendizes de feiticeiro” e, não fora o facto de as vagas para “feiticeiro” estarem em mínimos históricos, poderíamos considerar as festividades como manifestações de alegria e júbilo.

O que me parece que tem vindo a acontecer, nomeadamente no dia do desfile, é que as manifestações de alegria (forçada) com muito álcool à mistura são, isso sim, atos de puro vandalismo. Passo a explicar: Na terça, dia 15, saí da Afonso de Albuquerque e, passando por um funcionário, fui informado que tinha tido sorte, pois o cortejo já tinha terminado. Pensei: ainda bem, já não terei que aturar as tretas habituais. Estava enganado. Ao chegar ao carro, verifiquei, espantado, que este tinha lama, restos de cerveja e outras mistelas indecifráveis por todo o lado e que não era o único, todos os outros veículos estavam assim, bem como toda a avenida, desde a Dorna. Parece-me que estes comportamentos, para além do admissível, são ilegais, pois visam a destruição ou o dano de propriedade alheia (pública e privada). Interpelei um conhecido, ligado à academia, que me disse que isto começou a suceder desde que os tipos de um qualquer carro alegórico se lembraram de começar a atirar balões de água uns aos outros e aos espectadores num desfile no passado. Os transeuntes até poderão tolerar com a água de uns inofensivos balões. O problema é que a coisa tem vindo a descambar e agora dentro dos balões já podem seguir autênticas soluções e suspensões, quais bombas químicas. Falou-me de estudantes que deixam leite a azedar e fruta a apodrecer para juntar aos cocktails; mas também de óleo lubrificante e lama. Por este andar qualquer dia são ácidos ou soda cáustica! Inaceitável e incompreensível. Um cortejo estudantil deveria ser um acontecimento inclusivo, integrador dos estudantes na comunidade. Com estas atitudes os estudantes do IPG estão a auto-excluir-se (com isso posso eu bem), aquilo com que ninguém pode é com atos vis de vandalismo contra bens ou pessoas. Estudei na centenária Universidade de Coimbra e atos como este nunca se viram. O que vemos (ou, pelo menos até à última década do século XX) é toda uma cidade em comunhão com a festa maior dos estudantes. Infelizmente os meninos e meninas do IPG não têm querido seguir esse caminho e têm optado por, passo o termo, “avacalhar”. O mesmo interlocutor, dirigente estudantil, agastado com o sucedido, mas parecendo-me impotente para já, disse-me ter conhecimento desses abusos e que, para o ano, haverá uma consciencialização das comissões dos respetivos cursos para que atos como este não se perpetuem ou agravem. A cidade ficará a aguardar uma resposta da academia e, se não for muito incómodo, um pedido público de desculpas a todos os lesados pelos excessos. Assim, esperamos todos.

Por: José Carlos Lopes

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