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Ex-trabalhadores da Sotave perto de receber indemnizações

Cerca de 859 mil euros vão ser divididos pelos 212 antigos operários da empresa de lanifícios de Manteigas

Finalmente, os 212 antigos operários da Sotave – Sociedade Têxtil dos Amieiros Verdes, S.A., parecem estar perto de receber as respetivas indemnizações. Os ex-trabalhadores da fábrica de Manteigas que foi declarada insolvente em setembro de 2006 pelo Tribunal da Guarda, um ano depois de ter parado a laboração, vão repartir entre si 859 mil euros, sendo que as parcelas não serão todas iguais.

O prazo para os credores e a insolvente se pronunciarem sobre as contas apresentadas pelo administrador da insolvência, Joaquim Baltazar Roque, terminou a 23 de fevereiro e, ao que O INTERIOR conseguiu apurar junto do primeiro juízo do Tribunal da Guarda, não terá existido qualquer reclamação. De resto, também o advogado dos ex-trabalhadores adianta que «não fomos notificados de qualquer reclamação e nós próprios não fizemos nenhuma». Por isso, estarão reunidas as condições para que os pagamentos sejam efetuados, o que deve suceder «brevemente», indica António Ferreira. Entretanto, será feito o pagamento das custas e despesas relacionadas com o processo e só depois serão liquidadas as verbas a que cada ex-operário tem direito. O montante total apurado é fruto da venda de «mercadoria, maquinaria e da compra dos edifícios fabris por parte da Câmara de Manteigas».

O valor que cada um dos 212 antigos trabalhadores vai receber está relacionado com a antiguidade na empresa, bem como com a existência de alguns salários em atraso. Cada ex-funcionário vai assim receber apenas «cerca de um terço daquilo a que tinha direito», pelo que «ninguém receberá, nem de perto nem de longe, aquilo a que tinha direito», sustenta o advogado. Os valores a que cada um tem direito variam entre 387 euros e 10.883 euros. António Ferreira adianta que uma das razões para o montante global ser mais reduzido do que o previsto inicialmente tem a ver com o facto das custas processuais serem «muito elevadas». Por outro lado, também ele esperava que as instalações da fábrica fossem vendidas por «um bocadinho mais do que os cerca de 500 mil euros» pagos pela autarquia, embora reconheça que «nesta altura de crise, se calhar a Câmara não podia dar mais e a verdade é que também não houve mais interessados», sublinha.

Não esconde, por isso, que o sentimento generalizado dos trabalhadores seja de «resignação». Uma opinião partilhada por Armandino Suzano, membro da comissão de credores, segundo o qual os antigos funcionários estão «satisfeitíssimos por o processo estar a chegar ao fim», mas «menos contentes porque não recebemos tudo. Ficamos satisfeitos a 50 por cento». Contudo, salienta que «nem que me pagassem tudo ficaria totalmente satisfeito, porque era ótimo para o concelho a empresa ter continuado a laborar». O ex-trabalhador considera que o processo foi «moroso», embora reconheça que «também era super complicado». Por outro lado, e sem querer falar em nomes, alega que «houve má vontade de muita gente para que os trabalhadores não recebessem».

Ricardo Cordeiro Antigos funcionários estão «satisfeitíssimos» por o processo estar a chegar ao fim, mas «menos contentes porque não recebemos tudo»

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