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Euro 2004

O trânsito no IP5 por estes dias até parece mais calmo que o habitual. Viajo na véspera do início do Euro 2004. Por entre os poucos carros com que cruzo, lá consigo, a custo, ver um que outro, de matrícula estrangeira. Penso no absurdo de se ter gasto tanto tempo e dinheiro a pensar em estratégias para prender os turistas à região. Prender o quê se afinal eles não passam por aqui?

À noite aproveito a estadia em Coimbra e dou uma volta pela cidade dos estudantes que afinal de contas até é uma anfitriã do Euro 2004. O movimento nas ruas é próximo do zero. O café mais central de Coimbra está encerrado às 10 horas da noite. Nas paredes da autarquia estão colados dois enormes cartazes de pano que tapam toda a fachada. Será para que os poucos visitantes não se apercebam do rico património arquitectónico, ou será antes para que assim não se descubram as incúrias e os maus tratos a que o imóvel tem sido votado. Em frente estão uns candeeiros alusivos à prova. Todos às escuras. Não se vê vivalma nas ruas. Penso no assunto. Afinal a falta de pessoas à noite nas ruas não é só na Guarda. Deve ser um mal geral das cidades portuguesas pois recordo-me de ter estado há tempos em Leiria e o panorama ser semelhante. É a crise decerto. Pois é, mas o Euro começa amanhã. Nas janelas já esvoaçam as bandeiras da nação.

Hoje é dia de Portugal jogar. Ás cinco da tarde o movimento é ainda menor que o da noite anterior. Todos estão pregados ao ecrã. Faço o mesmo na companhia da família. O meu pai é o primeiro a pressagiar o mau agoiro. Que só se joga para trás. Que os jogadores não têm força nas “canetas”. Que a Grécia é mais forte. Logo a seguir vem o golo deles. Ao Paulo Ferreira espirra-lhe o taco. Bola à mercê do ataque grego, o Fernando Couto a encolher-se e o Ricardo a não chegar lá. Ora bolas! As coisas ficam difíceis, agora há que ter calma e atacar com cabeça. Se os gregos nos marcam outro, acabam com a gente, de qualquer forma ainda há tempo. Figo e companhia lá vão gizando algumas jogadas com perigo mas a bola teima sempre em não entrar. Vem o intervalo e há algumas mudanças de jogadores na equipa. O Cristiano Ronaldo parece vir disposto a acabar de vez com o azar. Faz uns brilharetes mas eis que numa jogada de contra-ataque do adversário comete a heresia de pisar o pezinho ao adversário. Penalty diz o árbitro Colina. Nada a fazer. Dois a zero num jogo inaugural do Europeu a jogar em casa é mau demais para ser verdade. Vá lá que depois ainda se conseguiu marcar um golo. É que sempre pode ser esse o motivo do nosso apuramento para a fase seguinte da prova. Logo se verá.

Por: Fernando Badana

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