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Estudos prévios do IC6 e IC7 adjudicados

Ministro das Obras Públicas já homologou procedimento que exclui a travessia da Serra da Estrela por túneis

O Governo homologou, no último sábado, a adjudicação da elaboração do estudo prévio das novas acessibilidades na corda da Serra da Estrela, constituídas pelo IC6, IC7 e IC37. O ministro das Obras Públicas assinou o documento que oficializa a exclusão dos túneis durante a cerimónia da concessão rodoviária “Pinhal Interior”, realizada em Conimbriga (Condeixa-a-Nova).

O estudo prévio foi entregue à Projectope, por mais de 985 mil euros, que tem 300 dias para o realizar, após os quais haverá condições para abrir concursos para as respectivas concessões. Segundo as contas de Mário Lino, com os IC3, IC6, IC7, IC37 e a ligação Catraia dos Poços-Tábua, o investimento nas estradas projectadas para a região Centro deverá ultrapassar os 1.200 milhões de euros. Conforme O INTERIOR noticiou na edição de 29 de Maio, a opção escolhida é o cenário 5 proposto no Estudo de Avaliação Estratégica, encomendado pela Estradas de Portugal (EP). Trata-se do mais consensual de todos e o menos oneroso para o Estado, com estradas que vão rasgar a encosta Sul da Serra da Estrela. Este traçado estabelece que o IC6 continue a partir da Catraia dos Poços até Seia (Torroselo), seguindo depois para Gouveia e Fornos de Algodres, com ligação à A25. Quanto ao IC7, começa na Covilhã (A23) e passa por Unhais, Alvoco da Serra, Sandomil e Torroselo. Será nas imediações desta freguesia do concelho de Seia que nascerá o nó que liga o IC6 e o IC7, iniciando-se aí o IC37 até Viseu (A25).

Serra dividida

Há três semanas, em Seia, após uma reunião com os autarcas da região, Paulo Campos, secretário de Estado Adjunto das Obras Públicas, revelou que a empresa encarregue de fazer os estudos prévios tem 10 meses para apresentar os projectos definitivos, esperando que «em Março de 2009» seja possível lançar os concursos públicos para a construção dos IC6 e IC7. O assunto parece arrumado, menos para os municípios que sempre defenderam a abertura de 12 quilómetros de túneis. Quando soube da exclusão desta opção, Álvaro Amaro anunciou que as autarquias que apoiaram a solução dos túneis iriam pedir uma audiência ao primeiro-ministro para o sensibilizar para a «importância regional» desta opção. O edil de Gouveia foi o primeiro a pedir a Paulo Campos que «não tomasse uma decisão apressada, após tantos anos de espera».

E até citou o estudo da EP, segundo o qual os túneis são, apesar dos custos, «a opção que garante melhor conectividade de toda a região, maior desenvolvimento local, emprego e coesão social». Do outro lado da Serra, José Manuel Biscaia, presidente do município de Manteigas, invocou a proposta de criação de portagens para a travessia da montanha por túnel, mas admitiu logo recear que «questões economicistas» isolem ainda mais o seu concelho. «Não avançar com os túneis é ter uma fraca noção de ordenamento do território, além de que Manteigas fica completamente excluída de uma ligação condigna à A23 ou a qualquer outra estrada de acesso», criticou. Quem está satisfeito com a decisão é o autarca de Seia. Para Eduardo Brito, a construção dos IC’s é um «grande acontecimento para Seia e para a Serra da Estrela», recordando que esta sempre foi a opção da Câmara: «É a proposta mais coerente e sustentável para o concelho e para a região», afirmou, lembrando que estas estradas vão «aproximar as sedes de concelho das redes viárias de elevada qualidade, reduzindo em cerca de 60 por cento o tempo de percurso na região».

Luis Martins

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