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Estudantes de arquitectura visitam obra de Siza Vieira na Guarda

O empreendimento da Quinta do Pinheiro está finalmente em construção

A Cooperativa Casa Jovem recebeu sábado uma visita de estudo ao complexo habitacional da Quinta do Pinheiro, na Guarda, da autoria de Siza Vieira. Um empreendimento finalmente em fase de construção após «vários contratempos», recordou Sérgio Costa, um dos elementos da direcção da cooperativa. O promotor da visita, o arquitecto Madureira, também projectista da obra, explicou que a vinda à Guarda é uma «aula prática» para os 81 alunos e docentes da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.

A cooperativa teve início em 1991, mas «só depois de muitas lutas» é que conseguiu «começar a ver obra feita», lembrou Sérgio Costa. De resto, foram 12 anos marcados por «muitas burocracias e obstáculos possíveis e imaginários», nomeadamente pela autarquia, até começaram os trabalhos, o que aconteceu em Janeiro de 2003. O projecto é constituído por 34 moradias em banda, mais três blocos de apartamentos e, a médio prazo, um pavilhão multiusos «mais direccionado para a comunidade do bairro», explica o responsável. Para além da qualidade da casa, a cooperativa pretende proporcionar um meio envolvente favorável, concretizado por espaços verdes, construção de equipamentos sociais, como infantários, ATL e a organização de actividades culturais e recreativas. Neste momento, encontram-se em fase de construção as moradias unifamiliares. Já os blocos de apartamentos vão demorar «mais algum tempo», refere Sérgio Costa, uma vez que «ainda falta o pedido de licenciamento». Mas desta vez, os dirigentes da Casa Jovem estão optimistas e esperam que tudo esteja aprovado em Junho, enquanto apontam para o final do ano a conclusão das vivendas.

O projecto do empreendimento da Quinta do Pinheiro está a cargo dos arquitectos Siza Vieira e Madureira, sendo este último o mentor da visita de estudo. Por ser «um caso paradigmático», o professor convidou os seus alunos do 3º ano de Arquitectura na Universidade do Porto a visitarem a obra numa altura em que se encontra «numa boa fase para estudo» dos futuros arquitectos, pois existem «habitações ainda em tosco e outras já numa fase final». A visita teve um carácter de «aula prática» para a comitiva de cerca de 79 alunos, acrescenta o docente, para quem esta é uma obra «diferente de todas as que existem na Guarda», já que está integrada no perfil da cidade e tem subjacente uma filosofia de construção baseada na ideia de construir «uma aldeia dentro da cidade». O projecto foi concebido para viver em comunidade, daí as pracetas centrais, interditas aos carros, e os vários espaços verdes. «No espaço comum da Quinta do Pinheiro, não se sabe onde acaba a nossa casa e começa a do vizinho», acrescenta, por sua vez, Sérgio Costa. Mas a visita também serviu para conhecerem um «projecto diferente», algumas técnicas e materiais abordados nas aulas e entenderem os surpreendentes meandros dos processos burocráticos, que também fazem parte da profissão.

Quanto à Casa Jovem, tem por finalidade promover a habitação «da melhor qualidade pelo menor custo». Neste empreendimento só já apartamentos disponíveis, uma vez que os lotes de vivendas estão esgotados e a procura até «é maior que a oferta», confessa Sérgio Costa. Para os interessados, os preços das vivendas rondam os 140 mil euros (28 mil contos), enquanto os apartamentos custam cerca de 75 mil (15 mil contos) e 95 mil euros (19 mil contos), respectivamente para o T2 e o T3.

Patrícia Correia

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