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Estratégia

Crónica Política

Insisto que o mais importante passo dado pela Guarda na sua história recente, foi a assunção de orientações estratégicas claras para o seu desenvolvimento, directrizes gizadas pelo Plano Estratégico da Guarda.

Por via deste instrumento, a Guarda dispõe de uma referência que nos permite avaliar o desempenho do município e dos governantes locais, mediante o grau de cumprimento dos objectivos prescritos nesse Plano.

Ora a avaliação que hoje pode ser feita, é a de que estamos no bom caminho, mas muito aquém do desejável.

Na verdade, de todos os objectivos cuja prossecução depende da capacidade empreendedora da autarquia, ou nos situamos em fase de realização incipiente, ou então os projectos e as ideias são pura e simplesmente inexistentes.

No primeiro caso estão os processos de requalificação do Rio Diz, da Plataforma Logística e da revalorização do Centro Histórico, projectos que, não obtante os tropeções de ordem operacional, a Câmara Municipal abraçou como prioritários e, apesar de tudo, estão já em curso.

Pior é a situação quanto aos restantes objectivos. E em áreas tão importantes como a Saúde, o Desporto ou o Turismo, apontadas como vectores estratégicos de desenvolvimento, não de vislumbra qualquer indício de acção, nem existem, aparentemente, ideias ou empenho político.

Um caso particular é o da Cultura. Sendo mais ou menos consensual a ideia de que a Câmara teve sucesso nesta matéria, com uma programação cultural diversificada e profusa, não deixam de ser questionáveis os orçamentos afectos a este objectivo. E quando hoje constatamos as enormes dificuldades financeiras da autarquia, não podemos deixar de criticar a política de festa e ostentação que a Câmara da Guarda patrocinou nos últimos anos.

Mas se, genericamente, sabemos o que é melhor para a Guarda, as dificuldades surgem quando falamos dos meios para atingir os objectivos propostos.

A Câmara Municipal tem hoje constrangimentos graves na afectação de recursos. A estrutura de custos do município e um planeamento financeiro deficiente, conduziram a Cãmara Municipal para uma progressiva paralização, obrigando a transferir a energia empreendedora para a gestão dos problemas correntes e da crise financeira. Por isso não são expectáveis, no curto prazo, novas ideias e novos projectos.

O ciclo político que actualmente vivemos trouxe como novidade uma oposição política ao Partido Socialista firme e tenaz, a que a Guarda não estava habituada. E, se esta nova postura da oposição nem sempre é bem vista pelas pessoas, a verdade é que se traduz no reforço da democracia e é essencial para a dinâmica de progresso de qualquer sociedade. A Guarda pode e deve ambicionar mais e melhor, e compete à oposição dizê-lo.

Não é fácil atingir metas de desenvolvimento avançadas, numa região desprotegida e tendo como ponto de partida recursos escassos. Mas é este o desafio dos grandes políticos. A Guarda carece de meios, mas ainda mais de ambição e de inteligência!

Por: Rui Quinaz

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