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ESTG novamente sem direcção

Chumbo do alargamento do quadro de professores coordenadores no centro da decisão de Jorge Leão e Carlos Rodrigues

A direcção da Escola Superior de Tecnologias e Gestão (ESTG) do IPG demitiu-se na semana passada, nove meses depois de ter sido eleita ao fim de um conturbado processo eleitoral. Bastou o Conselho Científico dos professores coordenadores, os mais antigos da escola, recusar o alargamento do quadro daquela categoria docente para que Jorge Leão e Carlos Rodrigues batessem com a porta. O director e sub-director demissionários não abdicaram daquela proposta considerando-a o «ponto fulcral» do rumo que pretendiam para a ESTG. O presidente do Politécnico da Guarda, que já tinha sido informado desta decisão a 20 de Janeiro, vai agora marcar novas eleições, as segundas em dois anos.

«Os professores coordenadores provocaram a queda desta direcção por causa de um divergência de opinião. Eles acham que a escola não deve ir por aí, eu considero o contrário, portanto dou o lugar a outro», explica Jorge Leão. O director demissionário diz haver um «défice de representatividade» da ESTG em termos de professores coordenadores, uma vez que os seis existentes pertencem a apenas quatro departamentos – Gestão (2), Línguas e Culturas (2), Matemática (1) e Mecânica (1). Propôs então o alargamento do respectivo quadro docente, actualmente de 24 lugares, abrindo três vagas para os departamentos de Engenharia Informática, Engenharia Civil e Ciências Sociais e Humanas. «Isso era indispensável para o futuro da escola. Estando todos os departamentos representados no Concelho Científico dos professores coordenadores poder-se-ia definir melhor a estratégia global da ESTG, conseguir mais eficiência na gestão dos departamentos e motivar os docentes a trabalhar mais», argumenta. O mesmo não entenderam os seis professores coordenadores. Na acta do Conselho Científico de 12 de Janeiro, a que “O Interior” teve acesso, sustentam que tal proposta é actualmente «inadequada e inoportuna», alegando que não existe «estratégia científica e um projecto» para a ESTG. Por isso, receiam que a abertura destes concursos «num momento em que não se sabe qual o projecto da escola apenas poderá ser feita de modo arbitrário e sem critério de fundo no que respeita às áreas de abertura».

Posição de que discorda Jorge Leão, que devolve as críticas. «É estranho ser o topo máximo da escola a dizer que não há estratégia científica, quando essa tarefa cabe ao Conselho Científico, onde estes professores têm assento, e não à direcção», adianta, dizendo desconhecer até à data «qualquer documento» produzido pelos professores coordenadores que indique as linhas mestras para a ESTG. «Não é benéfico que eles estejam alheados da vida da escola», sugere o professor, que não tem dúvidas quanto ao facto dos professores coordenadores saberem que a sua decisão iria resultar na demissão da direcção. «A continuar, fazia uma gestão corrente ou não tinha legitimidade para tomar determinadas decisões. O melhor foi sair», sublinha Jorge Leão, que considera que o seu mandato sempre esteve «no fio da navalha». Contudo, garante que nunca se demitiria por causa de cartas anónimas, contestação a decisões suas ou a greves: «Apoio outra conjuntura para a ESTG, mas entendo perfeitamente qualquer divergência de opinião», indica, concordando, no entanto, que a situação criada não é boa para a ESTG. Jorge Mendes, que falou segunda-feira com o director demissionário, deverá marcar brevemente eleições.

«Demitam-se todos»

João Raimundo, um dos seis professores coordenadores da ESTG, já disse que no IPG e na ESTG deveriam demitir-se «todos aqueles com responsabilidades, porque este “barco” está sem rumo e vai “afundar-se” a médio prazo por falta de estratégia». Uma opinião diferente de Jorge Leão: «A ESTG tem dinâmica, muita gente qualificada e trabalha para o exterior através dos laboratórios. O nosso principal problema está no número de alunos, mas esse decréscimo tem muito a ver com o facto de sermos uma escola do interior», refere. Contudo, o director demissionário avisa que a escola não pode continuar a dar «”tiros no pé” e a gerar conflitos recorrentemente», não sem antes realçar que desta vez «não há polémica, nem litígio, apenas diferença de opinião». E recorda que a ESTG tem vivido os últimos meses «sem qualquer contestação».

Luis Martins

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