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Este pode ser o ano com mais área ardida da década na Guarda

De 19 a 30 de Agosto arderam 7.500 hectares e o distrito já só está a cerca de 700 hectares do máximo registado nos últimos 10 anos

Em 15 dias arderam mais cerca de 7.500 hectares no distrito da Guarda, que continua a ser o líder de área ardida este ano em Portugal e até corre o risco de bater o recorde da última década (em 2005, registaram-se 24.500 hectares). Segundo o último relatório provisório da Autoridade Florestal Nacional (AFN), de 1 de Janeiro a 31 de Agosto arderam 23.782 hectares – até 15 de Agosto tinham ardido 16.347. Seguem-se os distritos de Vila Real (16.849), Braga (14.863) e Viana do Castelo (14.121). Logo atrás surge o distrito “vizinho” de Viseu, com 12.959 hectares de área ardida, enquanto Castelo Branco soma apenas 525. No total, as chamas consumiram 105.806 hectares em Portugal desde o início do ano.

Ao nível dos grandes incêndios (fogos cuja área total afectada seja igual ou superior a

100 hectares), o distrito registou cinco ocorrências, num total de 5.861 hectares de área ardida na última quinzena de Agosto. O concelho da Guarda foi o mais afectado, com os fogos do Marmeleiro (dia 26) – que devastou 4.121 hectares – e da Benespera (dia 28) – onde arderam 998. Figueira de Castelo Rodrigo também sentiu a devastação das chamas, com os incêndios de dia 19 na sede de concelho (488 hectares ardidos) e de Mata de Lobos (dia 30) – que consumiu 143 hectares de floresta. No dia 26, o incêndio de Malpartida (Almeida) lavrou em 111 hectares de mato. Ao nível das causas – e tendo em conta o Instituto de Meteorologia –, o mesmo relatório da AFN indica que o continente foi influenciado por uma massa de ar quente e seca, situação que conduziu à ocorrência de temperaturas elevadas e de ondas de calor. Estas condições meteorológicas adversas determinaram o estado de alerta especial de nível amarelo do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais durante 24 dias do mês de Agosto.

Da análise das estatísticas mensais, registo para um acréscimo significativo do número de ocorrências em Agosto a nível nacional. Foram contabilizadas 9.433 fogos, valor que é superior «à média do decénio em cerca de 45 por cento», refere a AFN. Contudo, este acréscimo não é acompanhado pelo valor de área ardida, que cresceu nove por cento (6.867 hectares). «Mais de 50 por cento das ocorrências, cuja causa foi investigada e apurada pela GNR, resultaram até agora de negligência por uso do fogo (queimas, queimadas, fogueiras, cigarros, entre outras)», adianta a Autoridade Florestal. A cerca de um mês e meio do fim do período crítico do Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios (SNDFCI) – que termina a 15 de Outubro –, 2010 pode ficar para a história como o ano com mais área ardida no distrito da Guarda. Contanto já com cerca de 24 mil hectares queimados, a área aproxima-se dos registos de 2005 – quando arderam 24.500 hectares, o pior ano até agora – e ultrapassou os dados de 2003 – 23 mil. De resto, a estatística apurada até ao final de Agosto ultrapassa largamente a área ardida em 2009, que se ficou pelos 18.535 hectares.

Rafael Mangana Distrito lidera a área ardida no país, com 23.782 hectares

Este pode ser o ano com mais área ardida da
        década na Guarda

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