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ESTE – Estação Teatral da Beira Interior nasceu ontem no Fundão

Actores que se demitiram do Teatro das Beiras formam nova companhia profissional

A ESTE – Estação Teatral da Beira Interior deu ontem o “pontapé de saída” no Fundão para a criação de uma nova companhia profissional de teatro na região com o objectivo de promover e desenvolver outras técnicas de expressão dramática. A nova companhia, formada pelos nove elementos que se demitiram em bloco do Teatro das Beiras em Agosto último por discordarem da actual filosofia de gestão artística do director Fernando Sena, pretende realizar «um projecto viável e necessário para o Fundão», apresentando essencialmente um «teatro diferente no funcionamento e na gestão», salienta o actor Alexandre Barata.

«Não pretendemos ser meramente um prestador de serviços», acrescenta, pelo que a ESTE irá tentar criar parcerias com autarquias e outras associações da região para apostar em novas dramaturgias e desenvolver projectos pedagógicos, de formação e criação de novos públicos. Exemplo disso é o espectáculo de estreia da companhia, agendado para 21 de Novembro, que tem como público-alvo 261 crianças do agrupamento de escolas Eugénio de Andrade, no Fundão. “Mãe Preta – uma história para continuar” é uma adaptação da história verídica do cabo-verdiano Ney Tavares cujo final será construído pelas crianças. «Queremos que as crianças se envolvam directamente na construção do espectáculo, que percebam o que é o fenómeno teatral», salienta Alexandre Barata, explicando que a ideia é que as crianças completem a história da peça «sob algumas directrizes que vamos fornecer aos professores». O espectáculo final deverá estar pronto em Abril do próximo ano e até lá as crianças irão ainda frequentar pequenos ateliers de sensibilização e introdução no teatro.

Para além deste projecto, a companhia ESTE pretende ainda desenvolver ao longo de 2005 novas expressões artísticas itinerantes, adequadas tanto para uma sala de teatro, como para uma praça ou rua. «Sabendo a limitação de espaços que existe na região, vamos produzir espectáculos que não se limitem a um só cenário. Esta metodologia permite ainda atrair novos públicos, que é a área em que nos vamos centrar». Para Alexandre Barata, há espaço na Beira Interior para mais uma companhia profissional, ainda para mais quando apresentam um trabalho «diferente» da outra companhia profissional existente, o Teatro das Beiras. «O único problema que temos é a falta de dinheiro, mas isso obriga-nos a aguçar o engenho», refere. Recorde-se que, além de Alexandre Barata, demitiram-se do Teatro das Beiras os actores Ana Ademar, Ana Filipa Trindade, Carlos Calvo, Ricardo Brito, Rui Silva e Rogério Bruno, o técnico Pedro Fino e o encenador Nuno Pino Custódio, que ocupa na ESTE o cargo de director artístico. Esta saída foi explicada na altura como sendo uma atitude de «protesto colectivo» contra a falta de confiança de Fernando Sena, mas também um alerta para a necessidade de «estabilização e evolução artística» da companhia através da exploração de novas técnicas dramáticas. Por dificuldades económicas, o projecto ESTE arranca inicialmente com Alexandre Barata, Ana Filipa Trindade, Nuno Pino Custódio e o técnico Pedro Fino, estando prevista para breve a integração dos restantes elementos.

Liliana Correia

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