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Este bloqueio do dinheiro

Bilhete Postal

Saio de casa em corrida para o netc@fé onde quero escrever o meu contributo para “O Interior”. Todos os Verões depara-se-me este problema porque quero escrever os artigos em tempo útil. Uma vez encontrei no Algarve um teclado inadequado por estar adaptado à escrita dos ingleses e, por isso, não saíam as cedilhas nem os til. Várias vezes não havia onde escrever. E já tive experiências incríveis com tudo a funcionar em Orlando e em Dakar. O mais divertido é quando não trago dinheiro para pagar estes segundos de cibernauta, porque, com a pressa, esqueço a carteira. “Oh! mulher trás lá uns cobres para fechar estes mails sem ter de lavar copos”. A mulher refila e mete-se no carro e vem pagar as dívidas do incauto artista. Mas isto é aborrecido porque dá-se nos supermercados já com a conta feita e lá se fica a quilómetros de casa com o ridículo de não ter ali as notas que comandam a vida. Então o senhor não paga? Pago, mas falta dinheiro. Não paga, pois. Pago, mas vem aí a mulher com as massas. Então e os produtos ficam onde? O senhor guarda essa mercadoria que o dinheiro chega. Vá-se lá saber, diz com a experiência de quem já viu melhores que eu a desarrumar a mercadoria e não a levar. Então não trouxe a carteira? A vergonha cresce e a vontade de o mandar a outra parte nasce com raiva na boca. Vai rebentar mais tarde com os risos da mulher que, de propósito, trás a carteira mais tarde, prolongando este momento que dói. Este artigo é dedicado a esses momentos, enquanto espero que me tragam a carteira a Carvoeiro e escrevo esta crónica que devia ter um ideal mais elevado. Mas o dinheiro impera na vida.

Por: Diogo Cabrita

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