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«Estas duas medalhas são o reconhecimento do nosso trabalho»

Josefina Araújo, presidente da Cooperativa Beira Serra, mostra-se «muito satisfeita» com os prémios conquistados e «otimista» em relação ao futuro

A Cooperativa Beira Serra, de Vila Franca das Naves (Trancoso) esteve em destaque no último Concurso de Vinhos da Beira Interior, ao arrecadar duas medalhas, uma de ouro (para o tinto “Boa Pergunta”) e outra de prata (para o rosado “Terras de Bandarra”). A presidente da adega, Josefina Araújo, considera que «estas duas medalhas são o reconhecimento do nosso trabalho» e o resultado de um «esforço conjunto de todos os membros da cooperativa em produzir vinhos de qualidade». A responsável destaca o papel dos sócios, «porque sem matéria-prima de qualidade não podíamos fazer bom vinho», mas realça que «o mérito pertence, sobretudo, ao nosso painel de enólogos».

Josefina Araújo fala ainda num «empenho da direção em ter vinhos de qualidade compatíveis com qualquer adega da região», e afirma que «foi o nosso brio profissional que nos trouxe a este patamar». Para a presidente, «foi estimulante e um orgulho muito grande» receber estes prémios, sublinhando que «fomos a única cooperativa premiada». «Não se pode comparar uma cooperativa com uma quinta ou com um produtor particular, pois nós produzimos em muito maior quantidade, o que torna mais difícil atingir padrões de qualidade elevados», lembra Josefina Araújo. Isto porque «o particular está mais focado na qualidade e tem o cuidado a selecionar as uvas, enquanto na cooperativa temos de aceitar as uvas que nos chegam naquele dia, e basta vir uma quantidade menos boa para estragar um lote de vinho», diz a presidente. Nesse sentido, as medalhas trouxeram «motivação, a nós e aos nossos colegas das cooperativas da região, que se sentem agora estimulados para produzir vinhos que consigam ser competitivos», entende a responsável.

Estas distinções vêm ainda mostrar que «os vinhos de qualidade não existem só nas outras regiões», e que a Beira Interior tem também «vinhos muito bons, dignos de merecerem medalhas como as que acabámos de conquistar», sustenta Josefina Araújo. A responsável mostra «orgulho em levar os vinhos da região ao topo, pois andavam muito escondidos e é bom que comecem a sair lá do fundo e a subir por aí acima».

Para o próximo ano, Josefina Araújo mostra-se «otimista» e promete «um esforço ainda maior, para continuarmos a merecer estas medalhas e o respeito dos nossos clientes e do público em geral». A presidente acredita que a cooperativa terá «mais vinhos de qualidade para disputar prémios», e espera «a conquista de mais medalhas», para também «elevar o nome de Vila Franca das Naves com os nossos produtos».

Em termos de mercado, os reflexos foram «uma loucura», diz Josefina Araújo. «Os resultados do concurso espalharam-se por todo o lado e a procura aumentou, até mesmo no estrangeiro, e é impressionante a saída que têm tido em particular os vinhos que ganharam as medalhas», revela a presidente da adega. Para a Cooperativa, «é uma mais-valia», porque «o vinho engarrafado é vendido mais caro do que se fosse a granel, o que vai de encontro à nossa pretensão de melhorar as condições económicas da cooperativa e dos nossos associados». Apesar da procura, o vinho “Boa Pergunta”, distinguido com a medalha de ouro, não estará disponível no mercado antes de abril do próximo ano, porque ainda está em estágio. «Por aí se vê a qualidade do vinho», realça Josefina Araújo, revelando que «foram tiradas umas garrafas para a prova, e o vinho acabou premiado com uma medalha de ouro». «Se este vinho estivesse já com o estágio totalmente feito, se calhar a esta hora o primeiro prémio era nosso», acredita a presidente da Cooperativa vilafranquense.

Josefina Araújo revela ainda que a Cooperativa está a apostar na «remodelação das instalações», e na «melhoria da nossa qualidade e da nossa imagem». A responsável refere também que «temos uma engenheira agrícola disponível de forma permanente para consulta de todos os associados», defendendo que «com uma análise cuidada, fica-se a saber as propriedades e características do solo, e a partir daí faz-se um melhor tratamento das videiras e isso repercute-se na qualidade do produto final». A presidente aconselha por isso os sócios a «recorrer aos serviços da nossa engenheira».

Quanto às apresentações que a Cooperativa Beira Serra levou a cabo em Trancoso e na Guarda, Josefina Araújo diz que «correram bem, as pessoas gostaram dos nossos vinhos», mas revela uma «mudança de estratégia». «Neste momento, estou mais virada para o estrangeiro, porque em Portugal os nossos vinhos terão um preço algo elevado, e não sei se o mercado local tem capacidade de abraçar este preço», refere a responsável. «Queríamos conquistar a restauração, mas se calhar não pode ser a restauração da Guarda, porque não terá clientela regular para garrafas tão caras», pelo que o mercado externo se apresenta para Josefina Araújo como «uma melhor aposta, pois tem uma melhor capacidade financeira». «O nosso objetivo é rentabilizar o mais possível o vinho que produzimos, e sabemos que o conseguimos vender para a França ou para a Suíça ao dobro do preço», diz a presidente da cooperativa, que se mostra «seduzida com os mercados do Brasil, da Angola e de Moçambique, mas sobretudo da Europa, concretamente os mercados com forte presença nacional como a Suíça ou o Luxemburgo». Nesse sentido, Josefina Araújo adianta que a Cooperativa Beira Serra «vai apostar nas vendas online, para os nossos vinhos chegarem a todas as mesas».

A Cooperativa Beira Serra, com 56 anos de existência e mais de três décadas a engarrafar vinhos, tem atualmente uma produção de uvas avaliada em seis milhões de quilos anuais, o que resulta em 4,8 milhões de litros de vinho, comercializados sob as marcas “Beira Serra”, “Terras de Bandarra”, “Maria Moura”, “Vilas Francas”, “João Tição”, e a mais recente “Boa Pergunta”.

«Estas duas medalhas são o reconhecimento do
        nosso trabalho»

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