«Estamos numa altura em que quem fica sentado a lamentar-se ficará para trás»

P – Em que consiste o projecto “Ser Genial”?

R – O objectivo é desmistificar a Psicologia e, acima de tudo, trazer o conhecimento que já existe às pessoas porque, por exemplo, hoje em dia já se sabe muito como ser feliz ou como usarmos a nossa mente para sermos criativos. Há uma série de situações que já se conhecem, mas que ainda ficam muito num “mundo” afastado das pessoas, em cursos um bocado caros ou em livros escritos em inglês. Ainda há um vazio e continua-se a viver de uma maneira que não realiza as pessoas. Agora que passou esta fase de “loucura” de bens materiais por causa da crise, em que não se consegue ter tudo o que nos apetece, as pessoas começam a ficar com uma insatisfação. O “Ser Genial” tem muito o objectivo de trazer às pessoas ferramentas para trabalhar isto dentro de cada um, porque sabemos que há pessoas que têm muito e que podem continuar infelizes e outras que, com pouquíssimo, conseguem ser muito felizes graças ao que pensam e à forma como se comportam. O projecto pretende trazer todo este conhecimento às pessoas de forma simples e que, no fundo, permita a cada um ter a vida que quer.

P – A psicologia pode ser então uma “ferramenta” para se combater alguns efeitos da crise?

R – Sim, também pode ter essa função. Isto começou há alguns anos nos Estados Unidos quando um psicólogo criou o ano da psicologia positiva, que era um conceito que ainda não existia. Até aí, a psicologia era para tratar os doentes e os depressivos. Este senhor estudou o modo como as pessoas atingem a felicidade. Há duas atitudes que se podem tomar. Numa, eu passo a vida toda a dizer que a culpa é do Governo ou que não consigo ter sucesso porque nasci com um problema qualquer genético. Na outra, temos uma atitude de responsabilidade social e vemos o que podemos fazer para singrar. É neste sentido que o “Ser Genial” tem muitas ferramentas para ajudar qualquer pessoa a conseguir o que quer. Pode ser apenas ter uma vida simples, mas sem problemas. Ensinamos métodos para se ser produtivo e criativo de uma maneira simples.

P – A quem se destina o projecto?

R – A qualquer pessoa, desde estudantes até pessoas mais velhas. O cérebro humano tem capacidades extraordinárias e hoje sabe-se que se ganha dinheiro em qualquer área. Sabe-se também que as pessoas que estão na área de que realmente gostam tornam-se muito melhores do que quaisquer outros. Serve igualmente para os empresários e para pessoas que trabalham por objectivos, para aprenderem a trabalhar a motivação. Estamos numa altura em que quem fica sentado a lamentar-se vai ficar para trás. Aqueles que agirem, que inovarem e se mantiverem activos vão ter outros resultados seguramente.

P – Ter uma auto-estima elevada é importante para ter sucesso?

R – Sim e também a auto-imagem, o modo como nós nos vemos e em quem acreditamos que somos. Acreditar que eu consigo vai fazer com que tente tantas vezes até conseguir. É o chamado método da eliminação que usava o Thomas Edison, o inventor da lâmpada, que conseguiu a sua descoberta após várias tentativas e nunca ficou desmotivado. Cada tentativa falhada é mais um passo em frente porque estou a descartar uma hipótese e cada vez mais certo de encontrar a certa.

P – Que retrato se pode fazer da população da Cova da Beira?

R – Estou na região há apenas cerca de meio ano e é difícil fazer esse tipo de generalizações, mas diria que as pessoas são mais sortudas porque ainda não foram contagiadas por certos “bichinhos” que existem nas cidades muito grandes. Ainda têm uma certa ingenuidade e, se calhar, em situações como esta, vão vingar muito mais facilmente. Já notei que há muito potencial e muita força de trabalho nesta zona. Falta é mais investimento.