Arquivo

Estacionamento à superfície na Covilhã já começou a ser taxado pela Parq C

Criação de parquímetros em locais que eram gratuitos já levou o PCP a acusar Carlos Pinto de ter «mentido» aos cidadãos

A polémica à volta do estacionamento tarifado à superfície na Covilhã voltou a ecoar esta semana com a instalação de parquímetros na Rua Frei Heitor Pinto e no Largo da Infantaria 21 para serem explorados pela Parq C, quando até aqui eram gratuitos.

A situação já levou a concelhia do Partido Comunista Português (PCP) a acusar, em comunicado de imprensa, o autarca social-democrata de ter «mentido» aos cidadãos ao assegurar em finais de Janeiro passado, aquando a aprovação do regulamento de Zonas de Estacionamento Tarifado (ZET), que não haveria nenhum lugar tarifado para além daqueles que existem há muitos anos na Covilhã. «Carlos Pinto mentiu à população», acusa o comunista Jorge Fael, ao constatar que «estão a ser instalados parquímetros em zonas que não eram tarifadas anteriormente», como é o caso daqueles dois locais e dos que estão por atribuir junto à PSP, cujo parcómetro e respectivas placas estão ainda cobertos por plásticos negros. Lugares que não estão a ser ainda taxados por causa de alguns problemas processuais, atira Jorge Fael, apontando o pouco espaço disponível para os autocarros de passageiros urbanos fazerem as manobras.

Segundo Jorge Fael, a criação de lugares pagos no Largo da Infantaria 21 e na rua Frei Heitor Pinto surgem após a recusa da Câmara em ceder à Parq C, empresa que explora os silos do Pelourinho e do Sporting, a exploração do silo do mercado municipal, também localizado no centro da cidade, tal como estava estabelecido inicialmente no contrato de concessão em 2001. Ao continuar na posse municipal, a autarquia tem que criar outros lugares para cumprir o acordo, permitindo assim que a Parq C explore mais de 170 lugares à superfície por 25 anos. «Carlos Pinto vai deixar marca na Covilhã por muitos anos: a das concessões», ironiza Fael, prevendo ainda a criação de mais locais taxados, tendo em conta que existe um «regulamento de estacionamento tarifado que deliberadamente nunca definiu os novos locais onde seriam instalados os parquímetros, furtando-se assim à necessidade da sua justificação bem como à concertação com os principais afectados», acusa o PCP. «Nada garante que no futuro não venham a ser criados mais parquímetros», adverte o comunista, denunciando que esta é a «consequência do negócio celebrado entre a Câmara e a empresa Parq C contra o qual o PCP sempre se manifestou».

Parq C refuta críticas

Para Jorge Fael, a criação de mais zonas tarifadas no centro da cidade apenas contribuiu para o aumento das dificuldades financeiras dos covilhanenses que terão que pagar 0,25 euros por meia hora, 0,50 por 1 hora, 0,80 por 1h30 de estacionamento, 1,10 por 2 horas, 1,50 por 2h30, 2 euros por 3 horas e mais um euro por quatro horas de estacionamento todos os dias úteis entre as oito e as 20 horas. Uma penalização que abrange ainda os moradores ou trabalhadores daquelas áreas, apesar dos primeiros terem acesso a um cartão de residente que lhes permite estacionar gratuitamente das 8 às 10 horas, das 12:30 às 14:30 horas e das 18 às 20 horas. «Eu quero ver se isto vai resultar quando as pessoas regressarem de férias para o trabalho e para as aulas», avisa Jorge Fael, recordando que os novos parquímetros não servem para melhorar o ordenamento do tráfego nem do território. «Os parquímetros não resolvem nenhum problema de fundo», critica, recordando que não há quaisquer benefícios para os cidadãos. «Não se criam estacionamentos alternativos, parqueamentos gratuitos nem estão cumpridas as medidas do ordenamento do território», aponta Fael, para quem a autarquia deveria concertar outras formas de funcionamento dos transportes públicos para que as pessoas diminuam a dependência do automóvel no centro da cidade.

Santa Clara Gomes, engenheiro da Parq C responsável pelo processo, desmente as acusações do PCP ao afirmar que «o número de lugares tarifados continuam os mesmos que existiam pelo menos desde 1996». A única alteração é a substituição dos locais tarifados conforme a «dinâmica» da cidade. «Foi o que aconteceu com a Rua Direita, a rua ao lado dos CTT e outros sítios que deixaram de ter parquímetros», exemplifica Santa Clara Gomes, que foram substituídos pela Avenida Frei Heitor Pinto e pelo espaço junto à PSP. Mas nada impede que estes parquímetros sejam definitivos pois «de um momento para o outro podemos mudar de sítio, conforme a disponibilidade», adianta, recordando que a Parq C tem o «direito de explorar 177 lugares à superfície» no âmbito do contrato acordado em 2001.

«A credibilidade do PCP vale zero»

«O PCP não tem credibilidade nenhuma». É desta forma que o autarca social-democrata responde às críticas dos comunistas, que acusaram Carlos Pinto de ter «mentido» à população ao assegurar que não seriam criados mais parquímetros na cidade. «Disseram que íamos colocar parquímetros nas escadas e becos e gostava que me indicassem onde é que eles estão», ironiza Carlos Pinto, relembrando a conferência de imprensa do PCP aquando da aprovação do Regulamento das Zonas Tarifadas. «A credibilidade do PCP vale zero», acrescenta, dizendo ainda que é «uma aldrabice do PCP» dizer que serão criados mais parquímetros para além daqueles que foram acordados no contrato com a Parq C.

Sobre o autor

Leave a Reply