Arquivo

«Esta zona é um flagelo no abandono dos resíduos»

Cara a Cara – Entrevista

P-Como encara o reforço de competências atribuídas pelo Governo ao Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA)?

R – Sobre isso ainda não me posso pronunciar porque ainda está em estudo e será certamente acompanhado de uma nova legislação.

P-Mas irá facilitar o trabalho dos elementos deste serviço, principalmente por estar regulamentado a distinção de funções entre GNR e PSP no que se refere a polícia ambiental?

R-Sim. Mas isso ainda está em estudo e, até lá, vamos ter que esperar para nos podermos pronunciar.

P-Há quanto tempo é que o SEPNA existe na Covilhã?

R-Há mais de um ano. Foi criado em Abril do ano passado e a equipa possui quatro elementos, tal como as restantes equipas deste serviço em toda as esquadras da GNR.

P-Acha que era necessário haver mais elementos neste serviço?

R-Sim, até para haver uma maior fiscalização. Normalmente saímos uma vez por dia e, se tivéssemos pelo menos mais dois elementos, já conseguíamos fazer duas patrulhas diárias. E agora com a época de férias, é sempre complicado dividirmo-nos.

P-Têm algum tipo de preparação específica?

R-Fizemos um curso em Lisboa onde debatemos temas ligados ao meio ambiente e sobretudo à legislação.

P-Como é que funciona este serviço?

R-Fazemos o policiamento no terreno. Quando temos provas concretas confrontamos e notificamos as pessoas. Por exemplo, quando detectamos alguém a deitar lixo para as matas, notificamos as pessoas a limpar o que sujarem. Neste momento andamos a fiscalizar as matas, mas já sabemos as zonas concretas onde as pessoas costumam deitar o lixo e policiamos habitualmente esses locais. Não estamos lá o dia inteiro à caça do infractor, mas se as pessoas nos virem no local de certeza que já não vão lá deitar o lixo. Por isso, a nossa acção funciona também como dissuasão de crime.

P-Que crimes ambientais têm detectado na vossa área de intervenção?

R-É uma matéria bastante diversificada a nível ambiental e temos encontrado um pouco de tudo, desde abandono a queima de resíduos. É uma lista muito extensa, até porque temos também a área da fiscalização de oficinas. Agora andamos a fazer o policiamento das matas e é isso que nos preocupa neste período de Verão.

P-Qual é o crime ambiental que mais se destaca nesta zona?

R-O abandono de resíduos. Esta zona é um flagelo, desde resíduos das obras a frigoríficos nas bermas das matas e no interior da floresta.

P-A que é que se deve? A negligência ou…

R-É uma questão de hábito das pessoas. Normalmente são as pessoas mais idosas a deitarem o lixo para as matas, mas também há alguns jovens a terem este comportamento. E vamos demorar um pouco a mudar este tipo de hábitos.

P-Apesar da sensibilização e até mesmo alertas que fazem, não notam mudanças de comportamentos?

R-Muito pouco, principalmente na parte dos lixos. Conseguimos reduzir os crimes ambientais na parte da queima dos resíduos, mas no que diz respeito ao abandono dos resíduos, é uma luta quase todos os dias. E isto verifica-se essencialmente nas aldeias e arredores dos meios urbanos.

P-E o que é que podem fazer para contrariar essa tendência?

R-Mais publicidade. Temos feito algumas acções de sensibilização junto das camadas mais jovens e nas escolas ao longo deste ano. Já temos alguns programas preparados para educar os miúdos a separar o lixo. Talvez tenhamos que fazer o mesmo com os graúdos, embora seja mais complicado fazê-los alterar os hábitos.

P-Desde que o SEPNA foi criado na zona da Covilhã, quantos crimes já detectaram?R-Bastantes. O ano passado detectamos cerca de 70 e, este ano, já vamos nessa média. Mas convém não esquecer que no ano passado começámos a funcionar apenas a partir de Abril.

P-Este serviço é uma área nova na GNR. É gratificante?

R-Sim. A sensibilização das pessoas é sempre gratificante.

Sobre o autor

Leave a Reply