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«Esta crise é mais uma machadada para o distrito»

José Pedro Branquinho volta a liderar a lista da CDU pelo distrito da Guarda e, tal como o candidato, também o programa eleitoral não mudou. Do plano estratégico de desenvolvimento turístico à dinamização do mundo rural, passando pela modernização das empresas tradicionais e a existência de serviços públicos de qualidade.

P – Qual é a sua meta em termos eleitorais?

R – A meta para a CDU Guarda é ter mais votos e esperar pela responsabilidade que os eleitores do distrito da Guarda nos quiserem dar.

P – Nas últimas legislativas a CDU cresceu 400 votos relativamente a 2005, mas foi ultrapassada pelo Bloco de Esquerda. Acredita que pode inverter a situação este ano e aumentar ainda mais a votação?

R – Nas últimas eleições legislativas a CDU subiu o número de votos e queremos continuar esse caminho, porque com mais votos temos mais força para a luta que queremos continuar a travar no distrito e no país em defesa dos trabalhadores e do povo.

P – Voto útil versus voto de protesto, qual acha que vai ganhar dia 5 de junho?

R – Todos temos que perceber que o círculo eleitoral da Guarda elege quatro deputados por enquanto e é necessário que os eleitores, depois das eleições, peçam contas aos deputados eleitos durante a legislatura. A utilidade do voto está em escolher aquele que nos representa e nos defende das medidas cada vez mais duras para quem trabalha, para os pensionistas e para os pequenos e médios empresários.

P – O que faria se fosse eleito deputado pelo distrito?

R – Se a CDU eleger um deputado pelo circulo eleitoral da Guarda existe um programa que iremos cumprir. Hoje, há inúmeros obstáculos ao desenvolvimento do interior e também, naturalmente, ao distrito da Guarda, por isso, entre outros compromissos, propomos a discriminação positiva para aplicação dos fundos do QREN no distrito, na modernização de empresas da indústria tradicional, como o calçado, têxteis, madeiras, metalurgia e indústria da pedra; prevenir as deslocalizações, nomeadamente as multinacionais, de modo a evitar encerramentos e flagelos sociais. Defendemos também a promoção de um plano estratégico de desenvolvimento turístico articulando o potencial da Serra da Estrela, do Parque Arqueológico do Vale do Côa, da Reserva Natural da Malcata e do Parque Natural do Douro internacional, implantando os planos de ordenamento e potenciando as suas riquezas naturais, gastronómicas e culturais. Outra aposta está na promoção e dinamização do mundo rural na sua vertente agrícola, paisagística, económica e cultural, bem como a defesa do vinho, queijo, leite, frutos secos, azeite e dos seus produtores. A CDU pretende ainda combater a desertificação com o aproveitamento racional dos recursos endógenos e decidir medidas concretas, como a redução da taxa de IRC e do IVA na raia da fronteira. Além disso, é urgente um plano de formação e recrutamento de profissionais de saúde, principalmente médicos especialistas em medicina geral e familiar, radiologia, cardiologia e pediatria, naturalmente com um diploma que fixe médicos no distrito e no interior. Se não se garantirem serviços públicos de qualidade e proximidade às populações, o caminho é a desertificação e o abandono.

O distrito necessita serviços de saúde de qualidade, pois a maioria dos residentes são idosos. A CDU reclama igualmente a reabertura da linha férrea Pocinho-Barca d’Alva, a eletrificação da linha Covilhã-Guarda, o melhoramento do parque escolar, com uma escola pública de qualidade e gratuita ao serviço dos cidadãos.

P – Os interesses do distrito têm sido bem defendidos na Assembleia da República?

R – Um dos deputados eleito nas ultimas eleições legislativas pelo PS foi líder parlamentar, mas nem assim o distrito passou para a agenda politica continuando com grandes carências nos serviços públicos, nos transportes públicos. Uma das medidas mais conhecidas para o distrito é a introdução de portagens nas SCUT A23 e A25, contribuindo assim para mais retrocesso e mais penalizações para as pequenas e medias empresas e para o turismo. Este não é o caminho.

P – O que acha da diminuição do número de deputados?

R – A CDU acha que não existem deputados a mais e que, em relação a este distrito, qualquer diminuição significaria menos representatividade da Guarda na Assembleia da República. Para nós, o mais importante é o combate ao desemprego que, na Guarda, representa mais de 7.446 pessoas e muitas delas jovens licenciados sem qualquer oportunidade no mercado de trabalho.

P – Por que é que o programa da CDU é praticamente o mesmo desde 2001?

R – O programa da CDU tem como grandes objetivos o combate ao desemprego, mais produção nacional, medidas de reorganização de distribuição dos produtos das cooperativas com a criação e dinamização dos mercados locais, uma floresta articulada com a produção e definitivamente pôr a agricultura na agenda politica do distrito, porque esta é a solução para os grandes problemas de desertificação e abandono do mundo rural. Por isso, a regionalização é um instrumento indispensável para combater o centralismo de Lisboa e da Europa e porque está prevista na Constituição da República Portuguesa.

P – Acredita que a crise atual será uma oportunidade para o desenvolvimento produtivo do distrito da Guarda, nomeadamente na agricultura, indústria e turismo?

R – Esta crise é uma oportunidade novamente para os mesmos, para o capital banca, grande distribuição e todos aqueles a quem interessa esta troika. Para o nosso distrito, é mais uma machadada na pequena e media indústria e meter a agricultura num poço sem fundo, o turismo sozinho não consegue inverter a desertificação e o retrocesso social.

P – O que é preciso fazer?

R – É preciso mudar de rumo, são necessárias políticas ao serviço das micro, pequenas e medias empresas, apoio aos pequenos e médios agricultores e ao escoamento dos seus produtos. É necessário dar voz à CDU no distrito porque esta força política na Assembleia da República está sempre ao lado dos que mais precisam e dos mais fragilizados. O balanço deste Governo é muito negativo, com o encerramento de empresas, de serviços públicos, a falência de cooperativas, o aumento do desemprego, da pobreza e das desigualdades – há mais de dois milhões de portugueses no limiar da pobreza e 23 por cento das crianças. Foi ainda responsável pelo aumento de impostos, da energia, das taxas moderadoras e agora, como remate final, pelo resgate do FMI, que vem fazer com que estes indicadores que o PS nos deixa venham ainda a aumentar. Por isso, a CDU diz não ao FMI em Portugal, são necessárias outras soluções, este resgate vai acabar com a nossa soberania.

«Esta crise é mais uma machadada para o
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