Arquivo

«Esperamos uma taxa de empregabilidade de 100 por cento»

Cara a Cara – Pedro Inácio

P – Quais os motivos que levam a UBI a apostar na criação de uma nova licenciatura em Informática Web?

R – A UBI enfatiza e fomenta a ligação com a região, Portugal e o mundo. Esta ligação tem-se concretizado de várias formas, nomeadamente colaborações com empresas, criação de pós-graduações para formar profissionais especializados e colaboração com entidades nacionais e internacionais em projetos científicos e produção de conhecimento. A aposta nas novas tecnologias é vista como estratégica para a UBI, não só por ver crescer a região nesse sentido, como também por saber que possui forma de contribuir com qualidade para esse desenvolvimento.

P – O que é a Informática Web?

R – Informática Web foi a designação decidida para a licenciatura direcionada para o projeto e desenvolvimento de aplicações para a web. Esta é uma área com especificidades próprias, nomeadamente no que se refere à importância do design e das interfaces das aplicações e à sua forte ligação a startups tecnológicas. A Informática Web engloba o conhecimento e tecnologias relacionadas com o projeto e desenvolvimento de aplicações web, desde o que um utilizador perceciona quando interage com essas aplicações até às linguagens que suportam a sua dinâmica, aos protocolos de comunicação e infraestruturas de suporte, às formas de fazer negócio na web, à interação humana via redes sociais e ao ecossistema da computação móvel. O plano curricular do curso endereça todos esses aspetos da Informática Web.

P – A criação do curso vem dar resposta a uma lacuna existente na região?

R – Este curso procura dar resposta a uma lacuna atual e antecipa uma maior necessidade de profissionais com as valências que fornece a curto e médio prazo, não só na região mas no país, pois não existe em Portugal outra oferta de primeiro ciclo equivalente. O desenvolvimento de aplicações web e mobile é uma área em forte crescimento, sem sinais de abrandamento. O ambiente “cloud”, que goza de um ímpeto fantástico, é especialmente favorável à Informática Web, fomentando e simultaneamente necessitando do desenvolvimento desta área. A instalação de empresas tecnológicas na região, nomeadamente de “nearshoring” ou de desenvolvimento de soluções de “software” e robótica, algumas motivadas pela instalação do centro de dados da Portugal Telecom e pela potencial melhoria das infraestruturas de comunicação, são sinal de que a lacuna será maior no futuro. Desde que começámos a divulgar o curso, temos recebido, por exemplo, contactos de profissionais que já trabalham na área e que querem no currículo a licenciatura que melhor corresponde ao que fazem, bem como solidificar os seus conhecimentos.

P – Será um curso pioneiro em Portugal?

R – Tendo em conta tudo o que define este curso, sem dúvida. É um curso cujas disciplinas específicas de candidatura incluem Desenho ou Geometria Descritiva para além da Matemática, o que não é muito comum em cursos de informática. O plano curricular inclui unidades curriculares de informática, design, gestão e matemática, reunindo valências de quatro departamentos. O curso foi concebido para alunos com formação na área das artes ou ciências e tecnologia, algo que também não é muito comum. A transversalidade dos temas abordados no curso, por um lado, e o foco na web, por outro, irão permitir que um licenciado neste curso possa participar em todas as fases de desenvolvimento de software para a web ou dispositivos móveis, passando pelo desenho e engenharia, implementação e aprimoramento do produto em relação à interface.

P – Esta licenciatura inclui-se numa área de futuro?

R – Sem dúvida. A informática é indubitavelmente uma área com um dinamismo acima da média. Tipicamente, este facto traduz-se em tecnologias que duram pouco tempo ou que são substituídas por outras com frequência. Os profissionais desta área sabem que precisam de cultivar a capacidade de absorver novas tecnologias e não adotar uma atitude conservadora. Apostámos numa área que tem procura atual e cujas tendências mostram claramente que é uma área de futuro. Na altura em que se assiste à evolução para a chamada “Internet das Coisas”, em que cada vez mais dispositivos se interligam em rede e fornecem uma interface para a mesma (leia-se computadores, tablets, smartphones, smartwatches, smart TV’s), as tecnologias web apresentam-se cada vez mais como uma base comum, um standard, para desenvolvimento de aplicações e serviços para as várias plataformas.

P – Com quantas vagas vai abrir o curso?

R – O curso vai abrir 30 vagas no ano letivo de 2014/15.

P – Esperam uma elevada procura?

R – Sim. Entendemos que é um curso com um perfil muito interessante e contemporâneo, para o qual esperamos uma taxa de empregabilidade de 100 por cento numa região que se está a demarcar pela aposta sustentada nas novas tecnologias. Estamos a trabalhar para que esta oferta seja conhecida aquando das candidaturas ao ensino superior, nomeadamente através da partilha de conteúdos em redes sociais e de participações em eventos direcionados para o efeito. É certo que conhecemos a realidade do país atualmente e sabemos que nos situamos no interior, pelo que temos de olhar para a forma como criamos valor e cativamos alunos. Esse exercício tem sido feito de forma contínua pelo departamento, e este curso, que se junta a pelo menos outros dois novos cursos (mestrados em Bioengenharia e Design e Desenvolvimento de Jogos Digitais), reflete precisamente esse esforço. O departamento é constituído por um corpo docente jovem, capaz de reagir prontamente aos desafios que lhe são colocados e de lidar com a dinâmica natural a esta área do conhecimento.

P – Quais serão as possíveis saídas profissionais dos licenciados em Informática Web?

R – O licenciado em Informática Web possuirá competências que lhe permitem trabalhar em empresas de desenho, desenvolvimento e manutenção de software sobretudo orientado para a web. As saídas profissionais específicas que identificámos para o curso são as startups tecnológicas, o desenvolvimento e manutenção de sítios e aplicações web, a programação de aplicações para dispositivos móveis, o desenvolvimento de aplicações de computação na “cloud” e de software de suporte e gestão.

Pedro Inácio

Sobre o autor

Leave a Reply