O teatro está de regresso ao auditório municipal da Guarda. Depois do interregno natalício, a actividade cultural da autarquia sai esta noite do torpor festivo com a última produção da companhia “A Escola da Noite – Grupo de Teatro de Coimbra”. Estreada em Outubro passado, a peça “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, encenada por Sílvia Brito, tem por base um texto do controverso Plínio Marcos que se tornou um marco fundamental na cultura brasileira por romper com os padrões dramatúrgicos dominantes da época e apresentar uma abordagem crua da realidade social brasileira. Violência, tensão, sobrevivência e desespero são os ingredientes do diálogo de dois homens (Carlos Marques e Ricardo Correia), companheiros de quarto numa pensão. Escrito em 1966, “Dois Perdidos Numa Noite Suja” foi inspirado num conto de Alberto Morávia, “O Terror de Roma”, inaugurando um tipo de dramaturgia que trouxe para a cena brasileira uma linguagem de choque muito própria e que mereceu duas adaptações para cinema em 1970 e 2003. A sua representação pel’”A Escola da Noite” insere-se no projecto dedicado à dramaturgia contemporânea de língua portuguesa, com destaque para a brasileira. Sílvia Brito assina aqui a sua sexta encenação, área que vem desenvolvendo paralelamente à carreira de actriz no grupo conimbricense desde 1992. Já o elenco é composto por dois jovens actores que começaram o seu percurso profissional n’”A Escola da Noite” em 2002. “Dois Perdidos Numa Noite Suja” é a 32ª produção da companhia fundada em 1991, entre outros, pelo actor guardense José Neves – actualmente no elenco do Teatro Nacional D. Maria II. “A Escola da Noite” é uma associação cultural sem fins lucrativos, reconhecida como Instituição de Utilidade Pública desde 1998.
