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Erros no PIDDAC da Guarda

Finanças colocam projectos de outros pontos do país no mapa regionalizado do distrito, que vê assim “desaparecer” 4,6 milhões

É certo que a taluda dos dinheiros do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) nunca sai para a Guarda, como o confirmam mais uma vez os números previstos para 2006. O pior é quando é o próprio Governo a enganar-se nas contas e somar às já depauperadas intenções de investimentos projectos que nada têm a ver com o distrito. O resultado são mais de 4,6 milhões a menos nos 75 milhões anunciados para o próximo ano. O ministério das Finanças já admitiu o erro, mas avisa que só será corrigido após a aprovação do Orçamento de Estado (OE) na Assembleia da República.

Nas páginas dedicadas ao distrito no mapa XV-A do OE, que contém a repartição regionalizada dos programas e medidas do próximo PIDDAC, a que “O Interior” teve acesso, figuram projectos como o Nó de Campelinho (Águeda), na EN1, com 3.750 euros; a substituição da ponte da Gala nos acessos à ponte da Figueira da Foz (2,1 milhões de euros); a beneficiação da EN226 entre Lamego e Viseu (2,5 milhões); a ligação entre Cristelo e Baltar (Paredes), na EN319 (3.750); bem como outra melhoria rodoviária entre a Guia e Albufeira pela EN330 (3.750 euros). Tudo isto somado são mais de 4,6 milhões de euros que vão desaparecer do PIDDAC regionalizado da Guarda, o que significa que o distrito continua na cauda dos investimentos do Estado. Por estas contas, passa a ter o quinto pior PIDDAC do país, com pouco mais de 70,4 milhões de euros previstos para os 14 concelhos em vez dos 75 milhões anunciados. Pior só mesmo Viana do Castelo (35,4 milhões), Portalegre (55,6), Bragança (59,1) e Vila Real (61,3). Com a Guarda a descer uma casa, quem sobe é Viseu e os seus 74,6 milhões. O erro já foi detectado pelo Departamento de Prospectiva e Planeamento do Ministério das Finanças, cujo gabinete de comunicação adiantou a “O Interior” que o mesmo só será corrigido «depois de aprovado» o OE.

Fraca consolação para os guardenses, que já tinham razões de queixa dos cortes orçamentais para reduzir a despesa pública. Assim sendo, o Governo tenciona investir por cá menos 33 milhões que no ano passado. E muito menos ainda que em Castelo Branco, cerca de 57 milhões. Por concelho, Gouveia continua a liderar o “ranking” distrital com mais de 4,5 milhões de euros a aplicar em projectos da administração central, um verdadeiro “jackpot” pelo segundo ano consecutivo. Seia parece ter ganho o segundo “prémio” com 4,2 milhões, seguida da Mêda e os seus 2,4 milhões. Longe destes números está a sede do distrito. É que o Estado apenas tenciona investir 820 mil euros na Guarda, cinco vezes menos que os montantes destinados a Gouveia e Seia. Pior ainda estão Aguiar da Beira (27 mil euros) e Celorico da Beira (125 mil).

Luis Martins

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