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Equação de Drake

mitocôndrias e quasares

É recorrente assinalarem-se 5, 10, 20 ou 50 anos sobre determinado acontecimento, como forma de o recordar. Procura-se deste modo prestar homenagem ao evento em questão assinalando a sua passagem pelo curso da história.

Neste sentido decidi assinalar os 47 anos decorridos sobre a elaboração da equação de Drake. Bem sei que não se trata de um número redonda, que nos fique na memória, mas esse acontecimento, por muitos não conhecido, assim o exige.

Em 1961 um grupo de doze cientistas reuniram-se em torno de uma ideia chave: avaliar a possibilidade da Humanidade não estar sozinha no cosmos. Do grupo de sábios presentes destacam-se Carl Sagan, ainda pouco conhecido, Melvin Calvin, mais tarde galardoado com o Nobel da Química,John Lilly, especialista em Golfinhos (o grupo ficou conhecido com a Ordem dos Golfinhos) e Frank Drake. Este último apresentou uma equação com a qual se pretendia determinar, se de algum modo, poderia existir vida no Universo.

Drake afirmava que esta equação permitiria estimar, de um modo razoável, quantas civilizações existiriam na nossa galáxia. Da Equação de Drake, como ficou conhecida, fazem parte grandezas que resultam de investigações que vão mais além do que apenas a astronomia, como sejam as ciências sociais e a biologia.

A equação tem estado na base da pesquisa da inteligência extraterrestre (sigla, SETI) e do promissor campo da astrobiologia.

A equação de Drake, que continua completamente actual, é formada por sete factores que vão desde a taxa de nascimento das estrelas na Via Láctea e quantas delas têm planetas, passado por factores como o tempo de vida médio de uma civilização tecnológica.

Existem ainda outro factores como quanto planetas habitáveis existem por sistema solar e que fracção desse planetas habitáveis desenvolve vida, inteligência e tecnologia para comunicar com os outros mundos.

É precisamente no aspecto da comunicação que se aplicam todos os esforços para detectar algum sinal, feixes de luz, enviados por outros astros, e para enviar a partir da Terra esses sinais. A própria Terra revelou-se. a partir de 1950, uma boa fonte emissora quando o planeta se encheu de poderosos transmissores de televisão e radares que irradiavam gigawatts de energia para o espaço, contudo ao longo dos últimos anos a Terra tem regressado ao silêncio, uma vez que os grandes transmissores estão a ser substituídos por cabo e satélites, que não deixam escapar nada para o espaço.

A equação de Drake desbravou um caminho, permitiu quantificar um conceito, que apenas pairava na mente de alguns cientistas mais arrojados e em livros de ficção científica. Contudo, trata-se de um caminho muito difícil de percorrer, que pode nunca nos conduzir a grandes revelações durante a existência da vida humana na Terra..

Sugestão de Leitura

Titulo:Biliões e Biliões: Pensamentos sobre a vida e a morte no limiar do milénio

Autor: Carl Sagan Editora: Gradiva

Colecção: Ciência Aberta

ISBN: 9789726625896

Ano: 1998

Sinopse:

«Estou rodeada de cartas de gente de todo o planeta que chora a perda do Carl. Muitos afirmam que o exemplo do Carl os fez despertar; outros dizem que os motivou a trabalhar pela ciência e pela razão contra as forças da superstição e do fundamentalismo. Estas mensagens confortam-me e ajudam-me a mitigar a minha dor. Ajudam-me a sentir, sem recurso ao sobrenatural, que o Carl está vivo.»
Do Epílogo de Anne Druyan

«O primeiro livro sobre Astronomia que li foi o Cosmos […] Desde então, tenho o orgulho de dizer que vou ser astronauta, custe o que custar […] Carl Sagan é o responsável pela minha ousadia, pelas minhas convicções, pelos meus sonhos.»
Joana Grego, Boletim da Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores

«Não ter podido ver pessoalmente Carl Sagan em Portugal, não ter podido contribuir para proporcionar esse encontro aos seus leitores e amigos e, particularmente, aos jovens portugueses é, seguramente, o grande desgosto da minha vida de editor.»
Guilherme Valente, editor da Gradiva, Público

Por: António Costa

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