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«Época dos manuais escolares não salva papelarias»

Supermercados continuam a ser concorrentes “ferozes” do comércio tradicional na compra do material escolar

Setembro é mês de rebuliço nas escolas. Regressam os alunos, o entusiasmo de “estrear” um novo ano letivo. A acompanhar, chega também o “tormento” de encarregados de educação, a braços com o salário a diminuir e o preço dos manuais a aumentar. Nas papelarias, não há mãos a medir com a quantidade de encomendas, mas são vários os proprietários a garantir que não é esta época que lhes «salva o negócio».

Em pleno centro da cidade da Guarda, a “Livraria Jardim” está cheia. O início das aulas aproxima-se de forma veloz e todos querem sair do estabelecimento com a lista de livros completa. Para que o ano comece sem complicações. A proprietária, Maria de Lurdes, garante que «esta é uma altura em que se vende um pouco mais por causa dos manuais, mas ao longo do ano também se vai vendendo material escolar sem problemas». A crise de que muitos falam parece ficar à porta. «Toda a gente fala nisso, mas as pessoas têm de comprar na mesma, porque os livros são um material onde não é possível cortar ou poupar, são como ‘bens de primeira necessidade’ no caso dos alunos», considera. Da experiência que tem ao longo dos últimos 11 anos, desde que abriu o estabelecimento, a proprietária acaba por reconhecer que uma ou outra “ponta” de crise lá vai aparecendo, mas garante que «para já não há motivo para alarme».

Noutro ponto da cidade, está Joana Gomes, uma das responsáveis da papelaria “Versos ao Vento”. Por estes dias, assiste à “romaria” de pais e alunos e às múltiplas entregas de livros que ainda cheiram a novo. Apesar da época ser concorrida, a responsável lembra que se torna impossível «ter nestes meses receitas suficientes que cubram o resto do ano». Entre janeiro e julho, as vendas descem e Joana Gomes afiança: «mesmo com o dinheiro dos livros escolares, torna-se difícil recuperar esses meses de perda». A contribuir para esta tendência surge ainda a “feroz” concorrência das grandes superfícies no que diz respeito ao material: cadernos, lápis, canetas, esquadros, compassos e afins. Perante novo desafio, que solução? «Temos de ter o que os supermercados não têm», esclarece. Nuno Tavares, dono da papelaria “Digipaper”, utiliza estratégia semelhante, já que chegou à conclusão que «não vale a pena ter as marcas que se vendem nos hipermercados». A funcionar desde 2009 junto à Escola Secundária Afonso de Albuquerque, o proprietário explica que – de facto – «há mais gente por estes dias», mas entre «garantias bancárias, taxas do multibanco, portes e transportes», os manuais escolares acabam por não dar assim tanto lucro. «A margem de receita é pequena, porque depois as despesas que temos são elevadas. Por isso não é a época dos manuais que salva as papelarias», conclui. Apesar de tudo e mesmo com a concorrência à beira, resistem. Porque há sempre alguém que entra, sobretudo se setembro estiver à espreita.

Catarina Pinto

«Época dos manuais escolares não salva
        papelarias»

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