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Época de incêndios começa domingo

Na fase inicial avançam 14 GPI’s no distrito da Guarda, que chegarão aos 40 em Julho

Devido à preocupante situação de seca que assola o país, o Governo decidiu antecipar, em 15 dias, o início da época de incêndios para este domingo. Uma decisão bem recebida no distrito da Guarda, tanto pelo coordenador do Centro Distrital de Operações de Socorro, como pelo presidente da Federação de Bombeiros. Curiosamente, ao contrário do que muita gente pensa, a maior parte dos incêndios não resulta de fogo posto, mas sim de atitudes de descuido ou de negligência.

Segundo António Fonseca, coordenador do CDOS, esta época de incêndios poderá ser encarada sob duas perspectivas. Por um lado, trata-se de um ano «muito seco», o que pode abrir caminho a uma «época complicada», considera. Mas por outro, devido ao facto de ter chovido menos que em anos anteriores, o desenvolvimento da vegetação e da matéria combustível será «menor», daí que, teoricamente, a propagação dos incêndios «não será tão rápida», contrapõe. Nesta fase de início da época de incêndios, no distrito vão avançar 14 GPI’s – Grupos de Primeira Intervenção, um número que subirá «progressivamente» até 18 durante o próximo mês, enquanto que no início de Julho serão 40. O inspector vê com agrado a antecipação da época de incêndios, já que o distrito tem sido assolado por vários fogos ao longo deste mês e, porque os bombeiros da região são voluntários, vai passar a haver com a decisão do Governo «mais disponibilidade» dos “soldados da paz”, com piquetes durante 24 horas. Questionado se as corporações do distrito têm o equipamento necessário para o combate aos incêndios, António Fonseca diz que o material disponível é «razoavelmente bom».

Sobre meios aéreos, «para já não vai arrancar nenhum» no distrito, mas «caso haja necessidade» serão disponibilizados alguns dos existentes noutras zonas do país, como o helicóptero estacionado permanentemente em Santa Comba Dão. Em relação a cuidados que as populações poderão adoptar nesta época mais propícia ao aparecimento de fogos, o coordenador do CDOS realça que, «ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a negligência e o descuido» são as maiores causas originadoras de incêndios. Ou seja, os casos de fogo posto, apesar de também existirem muitos todos os anos, não são o maior motivo. De resto, «grande parte» dos incêndios começam em queimadas acesas durante as horas de maior calor ou no simples deixar cair um cigarro no meio de uma floresta ou mesmo na borda da estrada. Comportamentos a evitar «ao máximo», aconselha António Fonseca. Também Fernando Andrade, presidente da Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda, encara com satisfação a antecipação da época de incêndios, devido às «condições climatéricas» que se fazem sentir um pouco por todo o país.

Apesar de considerar que as corporações «nunca têm os meios necessários», garante que os bombeiros «não deixarão de dar o seu melhor e de procurar fazer o melhor em defesa das populações». Um dos maiores adversários poderá mesmo ser a situação de seca, daí que apesar de expressar desejo de que esta época de incêndios seja «calma», Fernando Andrade reconhece que as «condições climatéricas levam-nos a pensar que vamos ter um ano muito difícil e muito complicado».

No entanto, ressalva que essas mesmas condições climatéricas que têm sido «adversas» durantes este primeiros meses do ano, poderão mudar «de um momento para o outro». «Devemos estar preparados para o pior e esperemos que depois esse pior se transforme no melhor possível para todos nós porque ninguém gosta de ver o país a arder», reforça.

Ricardo Cordeiro

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