Durante muito anos os procedimentos utilizados pela policia cientifica não eram conhecidos de grande parte dos indivíduos, sendo uma área da ciência pouco atractiva. Contudo, esta situação foi claramente invertida, apresentando actualmente uma grande projecção na sociedade civil, muito por culpa de uma série televisiva onde é descrito o dia a dia deste tipo de polícia e o papel por eles desempenhado na resolução das diferentes situações com que se deparam.
O sucesso desta série serviu de alavanca impulsionadora para o conhecimento de muitos procedimentos e técnicas utilizadas na investigação criminal. Um dos métodos utilizados mais fascinantes é a entomologia forense. Trata-se do estudo dos insectos e de outros artrópodes sob diferentes perspectivas sendo a mais frequente a determinação do intervalo postmortem, isto é, o tempo mínimo que decorreu desde a morte. Esta metodologia assenta na determinação da idade dos insectos presentes no corpo, partindo do pressuposto de que o corpo não está morto há mais tempo do que o necessário para os insectos chegarem ao cadáver e se desenvolverem, pelo que intervalo postmortem mínimo é determinado pela idade dos insectos mais velhos encontrados no cadáver em decomposição.
Quando a policia cientifica tem necessidade de recorrer à entomologia cientifica, o entomólogo procura responder a um conjunto de questões chave, como por exemplo, que espécies de insectos se estão desenvolver no corpo?, qual a idade dos espécies mais velhos? ou qual a temperatura – ambiente do local quando os insectos se estavam a desenvolver no corpo? fundamentais para ajudar a solucionar a investigação.
No momento da recolha dos insectos o entomólogo anseia por encontrar varejeiras, em, especial as da família das Calliphoridae, pelo simples facto de serem, geralmente, as primeiras a colonizar um corpo após a morte, muitas vezes num espaço de horas, o que permite obter um valor para o intervalo postmortem mínimo muito preciso. È claro que estes não são os únicos insectos a colonizar o corpo, contudo como cheguem mais tarde não são tão úteis em termos forenses.
A colonização do cadáver por parte da varejeira é um processo perfeitamente normal, que resulta da capacidade das varejeiras em detectar e localizar as fontes de odores em putrefacção, iniciando de seguida o processo de decomposição do corpo.
A entomologia enquanto ciência é bastante recente pelo que o caminho a percorrer para construir uma base de conhecimento sólido e amplo ainda é muito grande, contudo, têm sido dados passos bastante interessantes, por exemplo através da remoção do aparelho digestivo dos insectos que tenham estado a alimentar-se de um corpo, e posterior analise para detectar a presença de drogas ou de resíduos de pólvora associados a diferentes tipos de crimes, ou ainda remoção de ADN humano das larvas para provar a existência de um corpo, mesmo quanto este foi removido do local.
Por: António Costa