Populares encontraram na passada sexta-feira, numa quinta junto ao Barracão, Guarda, um engenho de origem artesanal, usado supostamente para atear incêndios. A Polícia Judiciária já está a investigar a sua origem. O objecto foi descoberto em mais um incêndio de grandes proporções naquela aldeia, mesmo às portas da cidade da Guarda, que terá começado ao início da tarde no alto da Santa Cruz, propagando-se rapidamente com a ajuda do vento até ao Barracão. Segundo habitantes desta freguesia, o fogo reacendeu-se na zona onde tinha sido apagado na véspera e «felizmente não foi para as quintas que ficam ali ao pé». No entanto, a apreensão da população esteve centrada nas serrações, serralharias, numa fábrica de móveis e numa empresa de leitões assados, estruturas consideradas pelos bombeiros como autênticos barris de pólvora.
Uma opinião corroborada pelos populares presentes no local: «Se o fogo pega aqui está tudo perdido», foram garantindo algumas pessoas que tentavam evitar por todos os meios que as chamas chegassem ainda mais perto. Durante toda a tarde, bombeiros de várias corporações do distrito, ajudados por populares, lutaram para que a destruição não fosse maior, fazendo frente ao fogo em volta das casas e junto às fábricas. A meio da tarde chegou o muito esperado apoio aéreo, com três helicópteros a ajudarem no combate às chamas, uma intervenção decisiva para que o incêndio fosse controlado rapidamente antes de chegar a outra aldeia vizinha Póvoa de São Domingos. Contudo, as chamas rondaram muitas casas, tendo-se registado inclusive algumas explosões em redor de uma das habitações. Os populares suspeitaram que se tratasse de ocorrências provocadas por botijas de gás ou mesmo bombas caseiras que um antigo habitante teria enterrado ali há algum tempo atrás sem nunca revelar o local exacto. E numa altura em que os bombeiros têm sido alvos de muitas criticas, Fernando Godinho, proprietário de uma quinta na zona do Barracão, veio a terreiro defender os “soldados da paz”: «Os bombeiros evitaram que pessoas morressem, que casas ardessem, eles merecem a nossa simpatia e acima de tudo a nossa admiração», defendeu, dizendo-se «triste» pela paisagem envolvente e optimista, pois «perdeu-se muita coisa, palheiros e mato, mas felizmente não houve mortos nem feridos. O resto, a Natureza encarregar-se-á de ressuscitar». Ao mesmo tempo e também às portas da cidade, na aldeia de Vale de Estrela, as chamas lavravam com intensidade ameaçando casas e plantações, onde a ajuda de helicópteros foi preciosa no combate e controlo das chamas.