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Enfim, juntos

Menos que Zero

A semana passada ficou marcada por um acto simples mas importante: os presidentes das câmaras de Belmonte, Covilhã e Fundão sentaram-se à mesma mesa e, pondo de lado as guerrilhas pessoais, lançaram as bases para uma futura comunidade urbana. O objectivo desta organização inter-municipal é congregar esforços em torno de projectos que interessem a toda a região, como a ampliação do aeródromo da Covilhã ou a dinamização do Parkurbis. Para além destes projectos, os autarcas pretendem concertar estratégias nas candidaturas ao III Quadro Comunitário de Apoio, evitando a apresentação de pedidos de financiamento destinados a projectos semelhantes.

É espantoso, mas é verdade. Só agora estes autarcas perceberam a ridícula dimensão dos seus concelhos, quando colocados perante uma Europa das regiões. Mais do que o processo de regionalização – de triste memória – as associações inter-municipais são a resposta à necessidade de formar comunidades com uma dimensão que lhe dê algum poder reivindicativo. Mas é preciso não esquecer que o único objectivo das comunidades urbanas não é “coleccionar” território e população, até atingir uma dimensão que lhe dê peso político. Mais do que isso, importa que os autarcas cimentem essa comunidade em dois princípios: complementaridade e solidariedade.

Infelizmente, nos últimos anos os autarcas da região perderam mais tempo a disputar o pouco que há, do que a trabalhar em conjunto. Sempre que as câmaras são utilizadas como trampolins para a política nacional, quem perde são as populações, pois gastam-se mais energias e recursos em guerrilhas e auto-promoções, do que na resolução dos problemas reais dos munícipes.

Mas, como mais vale tarde que nunca, acreditemos que desta vez os autarcas da região se vão entender. Acreditemos que o eixo Guarda-Castelo Branco vai funcionar e que, da congregação de esforços, vai nascer uma comunidade capaz de sobreviver numa Europa a 25, onde as regiões serão unidades com uma autonomia e uma elasticidade capazes de responder rapidamente aos novos desafios.

Por: João Canavilhas

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