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Endividamento da Câmara da Guarda continua a subir

Maioria destaca Resultado Líquido Positivo de 508 mil euros do exercício como sendo «muito importante» do ponto de vista da gestão da autarquia

As contas da Câmara da Guarda continuam no vermelho, de acordo com o relatório do primeiro semestre deste ano, discutido na última reunião do executivo. Apesar deste período ter terminado com um Resultado Líquido Positivo de 508 mil euros, o passivo da autarquia aumentou em dois milhões de euros, enquanto o endividamento líquido estava 348 mil euros acima do limite legal.

Também o valor dos empréstimos bancários é preocupante, já que o município contraiu mais 9,7 milhões de euros que o permitido. A crescer continua ainda a dívida a fornecedores, que subiu 916 mil euros entre Janeiro e Junho deste ano. Quanto à taxa de execução orçamental foi de apenas 15 por cento. «São dados altissimamente penalizadores para a acção da autarquia», exclamou Rui Quinaz, vereador do PSD, para quem é «muito provável» que a dívida global da Câmara – de 64 milhões no final de 2009 – «continue a crescer neste exercício». Já o presidente do município justificou a situação com a redução das transferência do Estado em cerca de 108 mil euros mensais, mas também com o pagamento do empréstimo contratado por causa do PREDE (Programa de Regularização Extraordinária de Dívidas do Estado) e o não recebimento de fundos comunitários de obras já concluídas.

«Foi um semestre equilibrado apesar destas variáveis, mas penso que os resultados são bons num contexto mau da economia nacional», considerou Joaquim Valente. O edil fez questão de sublinhar o Resultado Líquido Positivo, sublinhando que é «um dado muito importante do ponto de vista da gestão». De resto, acrescentou que, na Guarda, «endividamento é sinónimo de investimento». As contas do Polis e o negócio do Hotel Turismo voltaram a ser esmiuçadas na reunião da passada segunda-feira. Isto a propósito das críticas recorrentes da maioria sobre «a má-fé» da oposição. Além disso, Rui Quinaz insiste que são «exemplos da má gestão» da Câmara. No primeiro caso, o social-democrata estranhou que se tenham feito «metade das obras previstas, mas gasto o dinheiro todo e que haja agora um défice». No Hotel, o vereador estima que a autarquia só receba mais de 2,7 milhões dos 3,5 milhões de euros acordados com Instituto de Turismo de Portugal.

É que, pelo seus cálculos, será preciso descontar 250 mil euros de défice de exploração da unidade e os 500 mil euros com que a autarquia terá que indemnizar os 32 trabalhadores despedidos. «Estas situações são de facto graves e têm que ser denunciadas», declarou. Na resposta, Joaquim Valente aconselhou a oposição «a saber interpretar os números e não só a lê-los», revelando que a vendo do Hotel Turismo vai ser operacionalizada amanhã, na Assembleia Municipal. Já no caso do Polis, o presidente do município voltou a argumentar que «houve obras feitas pela sociedade e outras complementares da exclusiva responsabilidade da Câmara, mas que foram feitas pelo Polis». A introdução de portagens também foi abordada pelo executivo, com Rui Quinaz a defender a isenção total nas auto-estradas da região. «Será a primeira grande medida diferenciadora para o interior», disse o vereador, assumindo que discorda «categoricamente» das portagens. Contudo, o edil socialista lembrou que foi o PSD que defendeu «o princípio da universalidade» desta cobrança, que é um «retrocesso e penalizador do interior».

Luis Martins Dívida a fornecedores cresceu 916 mil euros nos primeiros seis meses de 2010

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