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ENCERRADO

Menos que Zero

No âmbito da reorganização das forças de segurança, suspeita-se que o Governo pretende encerrar o posto da Guarda Nacional Republicana do Paul. Trata-se de uma medida concordante com uma outra reorganização, esta judicial, que fará desaparecer uns quantos tribunais da Beira Interior.

Dentro desta mesma linha, a saúde está a ser reorganizada e, ao que parece, uma ou duas maternidades da Beira Interior encerrarão em breve. Junte-se a tudo isto o fim de alguns Serviços de Atendimento Permanente (SAP) nos Centro de Saúde e o encerramento das urgências nalguns hospitais, e temos mais uma prova de que nada estará a acontecer por acaso.

A Educação não escapou a esta onda reorganizativa: depois do encerramento de várias escolas do Ensino Básico, o Governo apontou ao Ensino Superior e, depois de aprovar os mestrados integrados nas engenharias das universidades do litoral, negou essa mesma possibilidade às universidades do interior, como a UBI.

O objectivo de todas estas medidas parece claro: encerrar o interior português. O Governo alega que é preciso reduzir a despesa pública, cortando nos serviços localizados em zonas onde se verifica um forte decréscimo da população. É um óptimo argumento para um reles burocrata, mas péssimo para quem foi eleito para governar todo o país e não apenas uma pequena faixa do território. A preocupação de qualquer Governo deve ser a criação de condições para fixar a população no interior, e não andar a reboque das migrações. Não podemos criticar os que procuram nas cidades do litoral uma vida melhor, mas devemos apontar o dedo aos que, directa ou indirectamente, os empurram para essa alternativa.

Para nossa infelicidade, eles, os governantes, não sonham, apenas sabem que o voto comanda a vida. Por isso vão continuar esta saga que acabará por transformar Portugal num amontoado de prédios junto ao mar.

Por: João Canavilhas

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