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Empresas instalam-se na PLIE até ao final do ano

Anúncio de Joaquim Valente marcou conferência organizada na Guarda pela CGD e o “Diário Económico”

A conferência promovida na passada quarta-feira, na Guarda, pela Caixa Geral de Depósitos e o “Diário Económico” trouxe boas notícias para a cidade. A primeira é que a Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) já poderá acolher empresas no final deste ano. A garantia foi deixada por Joaquim Valente, presidente do Conselho de Administração (CA) da sociedade e também presidente da Câmara. A segunda foi divulgada por Pina Moura, presidente da Iberdrola, que revelou que a Guarda pode vir a receber um centro de despacho de energia eólica.

Duas novidades que marcaram uma iniciativa realizada no âmbito do 10.º Conselho Aberto do maior grupo bancário português. Na sala da Assembleia Municipal, mais de uma centena de empresários, autarcas e administradores da Caixa ouviram Joaquim Valente anunciar que «há compromissos com investidores para que se instalem daqui a meio ano» na Quinta dos Coviais, onde vai nascer o projecto idealizado pelo professor Augusto Mateus. Neste primeiro painel, subordinado ao tema “Plataforma Logística e Competitividade”, ficou claro que a Guarda desespera pela PLIE, um projecto que ainda é uma miragem. Lembrando que a Guarda é um «ponto privilegiado» para a localização de uma plataforma logística, pois aqui confluem a A25 e A23, Teixeira Diniz, presidente da Associação Empresarial da Região da Guarda (Nerga), lamentou o «tempo perdido», sobretudo quando o actual parque industrial está «perfeitamente esgotado» e que, em Salamanca, está a nascer um forte concorrente directo. Trata-se do Porto Seco, um parque de actividade logistico-empresarial que resulta da ligação aos portos de Aveiro e Leixões e que já foi candidatado ao projecto Logística E-08, do programa Interreg, para o período de 2007 a 2013.

Mas esta ameaça não assusta Joaquim Valente, que afirma, alto e bom som, que a Guarda é, «por natureza, uma plataforma ibérica», devido à sua posição geoestratégica «de eleição» na península. «O país só tem a ganhar com um equipamento do género na Guarda, que está a meio caminho entre os nossos portos de mar e Espanha ou os centros económicos do Porto e Madrid. São mais-valias importantíssimas para o sucesso da PLIE», considerou. De resto, o presidente do CA admite que as circunstâncias para o sucesso do projecto estão agora a ficar reunidas, aludindo à conclusão da A25 e à modernização da linha da Beira Baixa. Já Paulo Manuel, vice-presidente da Associação Comercial da Guarda (ACG), preferiu olhar para o futuro: «Com a PLIE e as auto-estradas, a Guarda passa a estar no centro do mapa. Temos que saber antecipar e aproveitar as oportunidades que aí vêm», desafiou, enquanto António Oliveira, presidente da Associação Empresarial do Nordeste da Beira, criticou o «novelo de deseconomia» criado pela burocracia em Portugal. «É preciso agilizar para que o país seja competitivo», reclamou.

Iberdrola pode criar centro de despacho de energia para Portugal e Espanha

A outra novidade da tarde aconteceu no segundo painel da conferência, dedicado à energia eólica. Pina Moura garantiu que a Guarda pode vir a receber um centro de despacho de energia eólica, caso o consórcio Iberdrola/Gamesa seja escolhido pelo Governo no concurso para instalação de um “cluster” nacional ligado à indústria e parques eólicos.

«Trata-se de um centro tecnológico muito importante, mas que ainda não teve a visibilidade merecida», disse o presidente da Iberdrola. A unidade terá características bi-nacionais, já que vai gerir a produção e distribuição da electricidade produzida pelo consórcio em Portugal e nas regiões espanholas de Castela e Leão, Castela La Mancha e Extremadura. «Um centro desta importância é uma grande mais-valia para a Guarda», sublinhou o também deputado socialista na Assembleia da República pelo distrito. Pina Moura aproveitou uma intervenção sobre as potencialidades de negócio das energias renováveis para esclarecer melhor alguns elementos da candidatura da Iberdrola/Gamesa ao concurso público para atribuição de 1.000 MW em potência eólica lançado pelo Governo. Revelou, por exemplo, que o investimento com as três unidades industriais a instalar na Guarda, junto à PLIE, rondará os 100 milhões de euros e criará 300 novos postos de trabalho «altamente qualificados». Um investimento que justificou com as vantagens da cidade: «É o centro gravitacional dos parques da Iberdrola e está próxima de Espanha», apontou.

Mas o momento foi também de algumas confidências. A primeira é que a Guarda «jamais teria sido escolhida se não houvesse a A23 e A25», o que levou o antigo ministro da Economia do Governo de Guterres a justificar a opção de então pelas auto-estradas sem custos para o utilizador: «Está absolutamente provado que foram essenciais para dar atractividade a esta região», considerou. Contudo, é preciso agora que o Governo escolha a candidatura do consórcio líder mundial neste sector. «A concretização deste investimento está condicionada a ganharmos, mas pode ir para além deste concurso», admitiu, lembrando que a Gamesa tem «sub-capacidade de produção instalada» numa altura em que já tem encomendas para os próximos oito anos.

Luis Martins

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