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Empresários reivindicam isenção «total e para todos» na A23 e A25

Moção contra portagens foi enviada ao primeiro-ministro e ministro das Obras Públicas

Nove associações empresariais e comerciais dos distritos da Guarda e Castelo Branco e uma estrutura nacional, secundadas por 19 autarquias da região, manifestaram-se «totalmente contra» a introdução de portagens na A23 e A25. A posição foi tornada pública na última quinta-feira, na Guarda, e já foi enviada ao primeiro-ministro, aguardando os seus subscritores pela marcação de uma reunião com António Mexia, ministro das Obras Públicas e Transportes. «Acreditamos que o Governo será sensível às nossas razões, caso contrário cá estaremos para tomar as iniciativas que entendermos mais adequadas aos acontecimentos», avisou Teixeira Diniz, presidente do Nerga – Associação Empresarial da Região da Guarda.

Este movimento, que representa a quase totalidade das empresas de ambos os distritos, começam por considerar no documento que não há alternativas rodoviárias «viáveis» àquelas auto-estradas, lembrando que os antigos IP2 e IP5 «deixaram de existir» com a construção da A23 e da A25. Garantem, por outro lado, que a introdução de portagens vai representar um «rude golpe» no desenvolvimento sócio-económico do interior, acusando o actual Governo de continuar a «discriminá-lo negativamente, tirando partido do seu fraco peso político e acentuando, de forma deliberada e consciente, um cada vez maior distanciamento dos níveis de desenvolvimento das regiões do litoral e ilhas». Como se não bastasse, os empresários sublinham que esta medida será «altamente penalizadora» do aproveitamento das complementaridades da rede de cidades de pequena e média dimensão existentes na Beira Interior, fomentando ainda mais o despovoamento que «há muito» afecta a região. Argumentos subscritos na íntegra pelo CEC – Câmara de Comércio e Indústria do Centro, como disse Luís Veiga, vice-presidente, para quem a competitividade da região Centro depende «em grande medida» da concretização da malha viária nacional e regional, autênticos «corredores estruturantes» que, juntamente com as plataformas logísticas previstas para a Guarda e Castelo Branco, contribuirão para criar «condições ímpares de atracção e retenção de actividades económicas».

Nesse sentido, o dirigente considera que as portagens irão limitar o «”factor alavanca”» de investimento que esteve na génese das SCUT da Beira Interior e Beira Alta e que se apontava como um factor multiplicativo de 1,4 desse investimento. Finalmente, Luís Veiga defende «não ser legítimo» aplicar o princípio do utilizador/pagador quando não há alternativas e em vias com troços cujo perfil «não oferece condições de segurança, com inclinações superiores a seis por cento e ausência de separador central». De resto, os dirigentes associativos já têm alguns indicadores quanto ao impacto das portagens nas empresas da Beira Interior. «Basta conhecer a situação actual dos nossos empresários para perceber que qualquer acréscimo de despesa será extremamente gravoso», referiu Teixeira Diniz, adiantando que uma transportadora viseense prevê um acréscimo de custos «da ordem dos 300 mil contos por ano», enquanto uma PME da Guarda estima gastar mais 40 mil contos por causa das portagens. «Não queremos isenções parciais ou temporárias, mas franquia total e para todos», defende o presidente do Nerga.

Luís Veiga, por sua vez, acha que as alternativas rodoviárias prometidas por António Mexia em Belmonte nunca irão ser feitas, porque «o contrato de concessão das SCUT não permite a construção de alternativas a essas auto-estradas. Caso contrário o Governo terá que indemnizar chorudamente a Scutvias e a Lusoscut», sublinha. Para o empresário, aquilo que o interior, e o país, precisam é de «estabilidade», pois Portugal «não vai a lado nenhum se acontecem mudanças radicais na política financeira, económica e das obras públicas a cada vez que mudam os ministros», sentencia.

Nova marcha lenta dia 7

As Comissões de Utentes Contra as Portagens no IP5/A25 e A23 já escolheram o dia 7 de Dezembro para realizar uma marcha lenta de protesto na zona da Guarda, na confluência daquelas duas vias. Esta iniciativa vai começar pelas 17h30 na A23, na área de serviço da Guarda, seguindo depois para o IP5/A25, a caminho desta cidade. O protesto realiza-se no dia em que a Assembleia da República vai votar o Orçamento de Estado para 2005.

Luis Martins

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