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Empresa em perigo de encerrar por causa de acesso à A25

15 funcionários da Egicomb, sedeada no Alvendre desde 1998, podem ficar no desemprego

Uma empresa de distribuição de combustível para aquecimento, sedeada no Alvendre, mesmo às portas da cidade da Guarda, corre sérios riscos de encerrar as portas, deixando no desemprego cerca de 15 pessoas. Tudo porque a construção do acesso à A25 vai obrigar à demolição das instalações da Egicomb, cujo proprietário não aceita o valor de indemnização proposto pela Estradas de Portugal (EP). José Alves solicitou um período de três semanas para tentar encontrar uma solução que possa viabilizar a continuidade da actividade.

O empresário não queria acreditar quando na manhã da quarta-feira da semana passada recebeu uma telefonema a dizer que se preparavam «para rebentar o muro» da empresa. Depois de fazer a viagem desde Viseu até à Guarda deparou-se com agentes da GNR, uma máquina e representantes da EP, onde «a única coisa que me mostraram foi um papel do Governo Civil». Contudo, depois de ter contactado o seu advogado e dialogado com os presentes conseguiu evitar a destruição da sua empresa, assim como a cedência de um prazo de três semanas, período durante o qual «ficou estabelecido que não voltavam cá», frisa. Desde 2003 que a expropriação litigiosa de duas parcelas do terreno, onde a Egicomb labora, se encontra em análise no Tribunal da Guarda, já que José Alves não aceitou a indemnização proposta pela EP, por considerar que se trata de um «valor ridículo», ainda para mais quando se trata de uma empresa que «factura três milhões de euro por ano, paga impostos, dá lucro e nunca teve subsídios», garante. «A EP não pode entrar com as máquinas no terreno», prossegue, considerando que tem havido «falta de sensibilidade»: «Para eles estarmos aqui ou não a trabalhar é indiferente. É uma postura do “eu quero, posso e mando”», lamenta. Assumindo que «ter que sair» do actual local onde labora é «uma possibilidade muito forte», o engenheiro revela que ainda aventou uma alternativa que passava pela deslocalização dos tanques de combustível para a parte superior do terreno, mas a EP terá revelado haver «inconvenientes» nesta proposta, alegando que «não respeita o perímetro de segurança em relação à futura estrada». Deste modo, «a partir do momento em que dizem que há inconvenientes deixamos de ter alternativa», até porque os preços são muito elevados na cidade. Apesar da situação de ter que abandonar as instalações lhe parecer «irreversível», o empresário, que se sente «”entre a espada e a parede”», tem esperança que daqui por três semanas ainda não haja nenhuma decisão por parte do Tribunal e que, deste modo, as máquinas continuem a não poder entrar no terreno.

Contactado por “O Interior”, o advogado da Egicomb indicou ter requerido a avocação do processo por considerar ter havido «negligência» por parte da EP para além de «que não foi diligente», acusa. Aliás, Luís Rufo diz mesmo que o objectivo da EP é «entrar nos terrenos e está a borrifar-se para o resto, pagando com as calendas», critica, assegurando que ainda não foi proferida qualquer adjudicação judicial das parcelas a expropriar. Por outro lado, em relação à actuação da GNR, o advogado adiantou que o Governo Civil da Guarda vai pedir explicações aos responsáveis do EP sobre a omissão da existência de um processo judicial quando requisitaram os agentes policiais. A Egicomb encontra-se a laborar no Alvendre desde 1998 e tem actualmente cerca de oito mil clientes, sendo que dois terços das vendas são efectuadas no distrito da Guarda.

Ricardo Cordeiro

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