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Empresa de transportes da Guarda em risco de fechar

OIT reclama reembolso de 700 mil euros de IVA, caso contrário 140 trabalhadores poderão ficar sem emprego

A OIT – Transportes Internacionais Lda, sediada desde Março de 2005 em S. Miguel, na Guarda, está em risco de fechar portas, deixando cerca de 140 trabalhadores no desemprego. O sócio-gerente da empresa, que no primeiro ano de laboração facturou 14 milhões de euros, queixa-se da «falta de interesse» de diversas entidades da Guarda, para além de reclamar o pagamento de 700 mil euros de IVA por parte das Finanças.

De resto, o não pagamento deste montante está a fazer com que a empresa “bloqueie” novos investimentos em Portugal, tendo já alguns pagamentos a fornecedores em atraso. «Estamos a ficar com falta de recursos financeiros porque temos 700 mil euros de IVA para receber e não fazem nada para nos pagar. O Estado é muito demorado a pagar», queixa-se Norberto Francisco, sócio-gerente da OIT. Um atraso que já fez com que os investidores alemães da empresa deixassem, alegadamente, de apostar em Portugal, optando antes por desenvolver os seus negócios na Lituânia e República Checa. «Estamos a pensar reduzir os postos de trabalho na Guarda e até provavelmente em nos deslocalizar para os países de Leste», admite, queixando-se que a “máquina fiscal” em Portugal é «muito lenta». Aliás, nos últimos meses, a empresa terá sido forçada a despedir 10 motoristas e a vender seis camiões para o estrangeiro. Quanto ao IVA, o empresário garante que já solicitou duas reuniões ao director de Finanças da Guarda para tentar encontrar uma solução, mas continua à espera da resposta. «Já telefonei para Lisboa, falei com as Finanças da Guarda, pedi pelo menos 50 por cento, mas ninguém faz nada. Eles estão dispostos a pagar-nos o IVA, mas querem uma garantia bancária. Ora, como a empresa só tem um ano, não há nenhum banco que a queira fazer», realça.

O empresário assegura que a OIT ainda não recebeu o IVA relativo à compra de mais de 30 camiões em Outubro de 2005. Tendo em conta que a empresa emprega 140 trabalhadores e que a média salarial de um motorista é de 1.500 euros, Norberto Francisco interroga-se se terá que «ir roubar dinheiro, juntamente com os outros sócios, para pagar aos trabalhadores se o próprio Estado nos deve dinheiro e não nos paga», ironiza. O sócio-gerente desta firma com 60 camiões chega mesmo a afirmar que as Finanças «não fazem nada para que as empresas possam ter uma tesouraria em condições», acusando o fisco de «só existir para incriminar ou multar». A manter-se esta situação, avisa que daqui a seis meses a OIT vai «rebentar, porque não tem mais fundo de maneio para poder trabalhar». Mas não é só da atitude das Finanças que Norberto Francisco se queixa. O empresário assegura terem sido apresentados «vários projectos» na Segurança Social, em Julho do ano passado, mas que daí também ainda não veio qualquer resposta. O mesmo aconteceu aos pedidos de informação solicitados à Câmara sobre a Plataforma Logística, «que poderia interessar à empresa», reconhece. Um comportamento que o empresário justifica com a «falta de interesse» das entidades da Guarda, porque «de certeza absoluta que não foi por falta de conhecimento», considera.

Assim, para que a empresa não encerre na Guarda, o sócio-gerente da OIT reclama ser recebido por essas entidades. «Mas não é só receber e falarem palavras bonitas. Têm que agir», sublinha, exigindo das Finanças «o que nos devem». Com esse dinheiro, Norberto Francisco garante que poderia investir-se em, «pelo menos mais 40 postos de trabalho».

Ricardo Cordeiro

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