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Emprego é futuro

Editorial

1. Na semana passada, aproveitando a visita do primeiro-ministro António Costa, o presidente da Câmara da Covilhã apresentou, nomeadamente, três projetos de investimento e criação de emprego no concelho. Numa cidade que “faliu” nos anos 70 – o sector têxtil – e cujo presente se renova de forma extraordinária graças à Universidade da Beira Interior (UBI), o aparecimento de novos empregos é essencial não apenas como respostas à necessidade de fixação de pessoas, mas também como âncora para o futuro do concelho e da região.

A abertura de um novo “contact center” não é propriamente o sonho de uma cidade universitária, com ambições de ter emprego altamente qualificado, mas, ainda assim, o lançamento do novo investimento da Randstad/Altice que deverá gerar 200 novos postos de trabalho (numa primeira fase 80) numa região com poucas oportunidades é uma boa notícia, ainda que possamos dizer que não é estruturante ou que é trabalho de baixo rendimento. Vítor Pereira aproveitou ainda a presença de António Costa para “exibir” duas outras unidades: a francesa Mepisurfaces que produz artigos e acessórios para marcas de moda conhecidas (e cuja atividade especifica, na área da designada “mecânica de precisão”, pode ser um ponto de partida para um “cluster” com imenso potencial e normalmente associado a centros universitários); e a fábrica Benoli, num sector que já viveu tempos de crise acentuada, o das confeções, mas que respira atualmente algum otimismo, tanto que a empresa tem neste momento 130 trabalhadores e pretende aumentar em algumas dezenas.

Assim, e não havendo dúvidas da relevância da UBI como motor e centro nevrálgico da vida da Covilhã, a promoção de outros investimentos e a geração de emprego em diferentes sectores marca a semana e deverá ser determinante para os próximos tempos da região, porque uma cidade e uma região sem empresas não tem emprego, não gera riqueza e não tem futuro. Só há um caminho para dar futuro às cidades e vilas do interior: criar emprego e permitir que as pessoas se fixem, que aqui vivam e aqui possam disfrutar de tudo o mais que de bom a região oferece. Por isso, em de eleições, todos os candidatos, por todo o lado, irão falar essencialmente de emprego.

2. Na última edição de O INTERIOR destacámos como manchete o estado de abandono a que foi votado o mercado quinzenal da Guarda – e muitas pessoas nos cumprimentaram pelo trabalho e manifestaram o seu desagrado pelas condições de funcionamento da “feira”. Como é evidente, o assunto não é de hoje, é de há muitos anos e, estranhamente, independentemente da cor do executivo, as condições deploráveis em que quinzenalmente o mercado funciona envergonham a cidade. É verdade que há muitos anos que a Guarda desdenha a atividade feirante; e é verdade que há muito o campo da feira, na encosta da Quinta do Ferrinho, não tem condições de segurança, salubridade e económicas para o desenvolvimento da atividade com um mínimo de dignidade. E mesmo sendo uma atividade tradicional, na Guarda aparentemente sem futuro, podia e devia ser integrada na vida da cidade, numa zona da urbe devidamente acondicionada, onde poderia contribuir para a dinamização económica e social do concelho. É assim em qualquer sociedade desenvolvida; é assim em qualquer cidade que integra em vez de marginalizar.

Luis Baptista-Martins

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